terça-feira, 12 de julho de 2011

Traduções


É George Steiner (1929) quem o diz: "O texto implica, entre o autor e o respectivo leitor, a promessa de um sentido". Ora, existe, por vezes, um intermediário, um terceiro elemento: o tradutor, sempre que se trata de um livro numa versão produzida para outra língua. Cuja responsabilidade é enorme.
Recentemente li, em tradução de Victor Palla (1922-2006), um magnífico conto de William Faulkner (1897-1962), com o título "Os Velhos". E, pela exemplaridade limpa da tradução, bem como através do tema, recordei-me de uma novela de Hemingway, "O Velho e o Mar", traduzida, impecavelmente, por Jorge de Sena. São dois relatos, em prosa, cuja escrita eu apelidaria de profundamente "masculina" - se me for permitido classificá-los assim.
O conto de Faulkner ilustra, metaforicamente, a iniciação de um adolescente no mundo dos homens adultos, mediante a caça e abate de um veado. "O Velho e o Mar" encaro-o como uma parábola sobre a Vida. O sonho e o vazio final. O gigantesco peixe em luta com o pescador e que chega a terra, depois de apresado, apenas como um esqueleto, devorado pelos outros peixes, no regresso.
São sobretudo duas excelentes traduções que asseguram a tal "promessa de um sentido" de que fala Steiner.

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