segunda-feira, 25 de julho de 2011

Os lugares, o tempo e os livros


Era habitual, quando saía por muito tempo, de férias, normalmente, levar comigo 3 livros: um policial (Maigret, de preferência), outro de prosa (romance ou ensaio) e, mais um, de poesia. De uma vez, lembro-me que juntei "Alegria Breve", de Vergílio Ferreira, às "Rimas" de Xavier de Matos, acompanhados por um Simenon, de que já não recordo o título. Sei, é que os li à beira Reno, num Verão bem quente. Foi um contraponto insólito: o frio e a neve que caía no romance, contra as altas temperaturas de Merkenich, temperadas apenas pelas águas, ainda frescas, do Fühlinger See.
Mas é um bom exercício para a memória tentarmos lembrar o local onde lemos determinado livro, ou algum poema que nos ficou de cor, de algum lugar. No Verão de 1989 (e por várias associações mentais, que faço), sei que li um estranho poema, embora muito interessante, "Da Creação et Composição do Homem" que, apesar de incluído nas "Obras de Luís de Camões" (edição de Paris, 1759, por onde o li), foi escrito, na verdade, por André Falcão de Resende.
Ainda mais marcante, no entanto, desse Agosto de 1989, foi a compra de um voluminho (na imagem), estimável e simpático, de René Char. Foi adquirido num pequeno alfarrabista de Liége, nas margens do Maas, um sábado ou domingo em que havia Feira da Ladra, na cidade. Edição numerada (o meu tem o número 234), custou-me 350,00 francos belgas, muito bem empregues. Li-o, depois, vertiginosamente, em Dilsen, numa casa alta de madeira, encantadora, com um soberbo jardim, em volta.

para HMJ.

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