Com o avanço da globalização, qualquer dia pouparemos nas facas e, como os americanos, utilizaremos apenas o garfo para levarmos a comida à boca. E, quem sabe, se formos tradicionalistas e puristas, voltando ao passado português e europeu medieval, bastará uma fatia de pão como base, e os dedos. Já teria faltado mais... O que não se pouparia nos talheres!?, o pior era o futuro das Cutelarias vimaranenses e portuguesas.
Já aqui falei dum livrinho do Padre João de N. Sra. da Porta Siqueira, intitulado "Escola Política, ou Tractado Practico da Civilidade Portugueza" (Porto, 1803). Devia ser um homem exemplar, em matéria de etiqueta e boas maneiras. Aqui vão algumas indicações úteis:
"...Quando se cóme, não faremos sacco na bôcca, nem a encheremos muito, para o que sejão os bocados pequenos; nem se metta hum, sem termos engulido o outro. Não se mastiga com estrondo, não se cóme depressa, e como quem se escalda, não se estão mexendo muito os queixos, nem ajuntando os beiços, assoprando, etc. Se está muito quente o comer, se deixa esfriar, ou se mexe com a colhér.
Os ossos não se levão à bôcca em mesa de cerimonia, nem se estão chuchando, e roendo, mas só se esburgão com faca, e garfo, com summo cuidado de não çujar os dedos; porém accontecendo, os não alimparemos á toalha, nem a algum boccado de pão, como muitos fazem, mas ao guardanapo. ..."
Não era só em 1803. Também foi assim que aprendi. E quanto a «os ossos não se levam à boca em mesa de cerimónia», não era só em mesa de cerimónia... E é pouco prático para quem, como eu, gosta mais de carne com ossos. :-)
ResponderEliminarEu também aprendi mais ou menos estas regras, ou mas incutiram...
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