quinta-feira, 21 de julho de 2011

As efabulações credíveis


Chove copiosamente na Baixa de Lisboa: o Cais do Sodré está inundado, pela Rua do Alecrim quase corre um rio que se vê do Hotel Bragança, assomando a alguma das janelas. É a esta realidade virtual que vou aderindo, num fim de tarde de Julho (quente, finalmente) com céu límpido. No romance ("O Ano da Morte de Ricardo Reis") tudo se passa no final do ano de 1935. E continua a chover imenso na leitura, enquanto na realidade o céu claro vai passando de laranja a cenoura, e depois róseo, no cá fora outrabandista.
São estas efabulações credíveis, esta criação de atmosferas que denunciam um bom escritor. Como os ambientes criados por Simenon, sobretudo nos romances ou novelas "Maigret". Ler um romance de "Inverno" num tempo real de Verão. E acreditar. Até aderir à ressurreição de Pessoa (quem disse que Saramago não era um homem religioso?, : as dúvidas estão lá todas!) que visita Ricardo Reis. Assim um Julho calmoso outrabandista se transforma, pela leitura, num Dezembro chuvoso lisboeta... 

5 comentários:

  1. E está a gostar? É um dos livros de Saramago, de entre os que li, de que mais gosto.

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  2. Curiosamente, minha boa Amiga, tenho de confessar que é a 3ª ou 4ª tentativa. Mas estou empolgado e de vento em popa...já passei a página 100. E estou a gostar, realmente. Há tempos próprios para tudo: há que ter paciência, insistir e esperar por eles. Foi o caso, decerto. É minha convicção que é um livro para ler na maturidade.

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  3. O seu comentário fez-me lembrar as «Memórias de Adriano». Vou a pensar levá-lo para férias, a ver se é desta...

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  4. escrevi vou mas queria dizer estou a pensar...

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  5. Vai ver, c. a., que não perde o seu tempo. E, se chegar à pg. 17 (onde há um pequeno excerto que eu já aqui postei), creio que o resto da leitura deslizará melhor...

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