quinta-feira, 14 de julho de 2011

Um balanço, de passagem


Agora a lua, cheia, vai subindo, solene e majestosa, atrás dos telhados altos, em frente. Dois vultos vem para a varanda, falar ao telemóvel. Um deles traz um xaile, encosta-se à parede em pose feminil, e parece preparar-se para cantar um fado. Não estou disposto a ouvi-lo. Para mim, é altura de resumir o dia e arquivá-lo na memória. Sem música.
Constato que me esqueci de perguntar pelo Filósofo e pela Dª. Celeste, mas também não os vi, pela rua. Mas não me esqueci de passar pela ribeira que corria, num fiozinho pequeno, por falta de chuva. Não ouvi o coaxar das rãs, embora estivesse calor. E não havia galinhas de água a debicar os limos, que estavam bastos e verdes. Nem patos, que costumavam subir contra a corrente. Da fauna habitual, apenas uns pardalitos com sede a beber, da margem, a pouca água verde que passava. E 5 ou 6 pombas mansas que se espolinhavam num pequeno açude natural. A figueira, sobre a ponte frágil, não voltou a crescer, mas havia uma pequena horta doméstica, recém-criada por alguém, na arriba direita da ribeira. Talvez sinal da crise...
O Armindo estava mais gordo e o Fernando, um pouco distraído no serviço, estava quase na mesma. As sardinhas é que estavam óptimas, e gordas. E a a companhia, ainda melhor. O pudim de amêndoa, a que eu chamo "treme-treme", delicioso: um espanto. E a aguardente caseira do Sr. Abílio, com uma pedrinha de gelo, rematou muito bem. Passamos pela Aurora, que agora pinta o cabelo (de louro), mas a loja estava impecável, asseada e tão bem arrumada que convidava a comprar.
Estava tudo agradável, todos mais gordos e mais velhos. Até eu, para acompanhar o tempo.

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