segunda-feira, 29 de maio de 2017

As poucas certezas, que nos chegam de longe


Com os anos que levo, poucas certezas me assistem. Porque, se juventude é certeza (ligeira ou caprichosa, quase sempre), a velhice, na sua eventual lucidez, de experiência feita, é, sobretudo, terreno fértil de dúvidas. Humildemente humanas.
Eu teria muitas hesitações, se me perguntassem, de toda a Literatura (que conheço), qual o romance ou poema que prefiro. E considero como sendo o melhor, entre os melhores.
Mas, se me perguntassem, sobre o conto, ou pequena ficção narrativa, eu não teria dúvidas. Elegeria, categoricamente, esse pequeno (12 páginas), e enorme conto de Jorge de Sena (falei dele aqui, em 13/4/2010), sobre Camões, intitulado: Super Flumina Babylonis. Porque é toda uma vida.

para Margarida Elias que, com o seu comentário no Arpose, me suscitou estas pequenas reflexões. 

9 comentários:

  1. Um beijinho à Margarida por inspirar tal prosa e ter nome de flor.

    Não li qualquer conto de Jorge de Sena. Confesso que, além da poesia, de que gosto bastante, não apreciei grandemente a prosa que li do autor em causa. Pode ser de mim, por vezes desgosto dos melhores livros e até dos ditos maiores escritores. Facto que é diferente de não lhes reconhecer valor.
    Há autores e obras que prefiro. Mas também seria incapaz de eleger um. O mundo literário é, felizmente, muito vasto.

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    1. Achei graça porque, misteriosamente, ao ir lendo o seu comentário, me fui lembrando de Esopo e de uma sua fábula em que entram uma raposa e umas uvas altas.

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    2. E não é que voltou a ter razão?!

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  2. Deveras grato pela sugestão, que vou procurar. Parece pertencer às "(Novas?)Andanças do Demónio", ou não, e vai juntar-se a pequena lista de contos admirados, com J. Rodrigues Miguéis e W. Cather. Cmpts.

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    1. É um prazer partilhar o que gostamos. Eugénio de Andrade dizia, generosamente: "...das coisas que te dou/ para que tu as ames comigo" ( estou a citar de cor).
      Correcto. O conto "Super Flumina Babylonis" foi primeiro publicado na Portugália (1967?), nas "Novas Andanças...", que, depois, as Edições 70 vieram a reeditar, em volume único, juntando as antigas (Andanças).
      Permita-me acrescentar aos contos que refere (comungo!) os de Somerset Maugham..:-)
      Saudações cordiais.

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  3. Acabei de ler o conto de Jorge de Sena de um fôlego.
    Na verdade é uma escrita admirável.
    Pessoalmente não consigo eleger seja o que for
    como o melhor. São tantas as coisas que me apaixonam
    seja na escrita, música, cinema, que seria injusto referir
    uns e não outros. Não vem a propósito mas... as árvores
    de Lisboa, e não só, estão lindas. Boa semana.

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    1. Os jacarandás lisboetas estão um esplendor!
      Na verdade, o conto de Sena, é admirável, e conciso, para tudo aquilo que diz, a propósito de Camões, sobre criação poética, relações familiares, fantasmas pessoais, Vida, enfim.
      Fiquei muito contente que tivesse gostado.
      Retribuo os seus votos, cordialmente.

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  4. Terminei de ler ontem o romance de Umberto Eco, "A Misteriosa Chama da Rainha Loana", uma livro que me fez percorrer as pequenas memórias da minha vida e ao ler este post fiquei com imensa curiosidade em ler o conto que nos sugere de Jorge de Sena, autor de que gosto bastante.
    Muito obrigado pela sugestão.
    Boa tarde!

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  5. Embora não tenha lido toda a sua obra, Eco é um dos meus autores de referência. Como romancista e como ensaísta. Ainda não li o livro que refere.
    Sena era um notável camonista e o conto "Super Flumina Babylonis" ressente-se, no bom sentido, da erudição e conhecimentos que ele tinha sobre Camões.
    Creio que não dará por mal empregue - embora os gostos não sejam coincidentes, muitas vezes - o tempo de leitura desse conto.
    Saudações cordiais!

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