As Caxinas eram e são, para mim, a Senhora Margarida J., embiocada de negro que, por Agosto, quando a visitávamos, invariavelmente, me oferecia - era eu criança -, da prateleira, uma pequena embalagem de bolachas Maria, que era o que havia de melhor, na Loja. O que se via, do seu rosto, crestado por sol e mar, eram as rugas, oriundas quase todas das comissuras dos olhos.
Viúva, administrava, com zelo e autoridade, uma pequena tasca-mercearia, na fronteira entre a Póvoa e Vila do Conde. Essa visita anual, exemplo de austeridade e devoção, por parte de minha Mãe, agradava-me sempre, não tanto pelas bolachas, mas pelo ambiente que se respirava, tão diferente daqueles a que estava habituado. E tinha uma verdadeira simpatia pela velha Senhora, que pouco sorria, embora se agradasse de nos ver.
Não sei donde lhe vinha o luto, nem a rede imensa de rugas fundas que, provavelmente, pressupunham lágrimas passadas e, talvez naufrágios, pensava eu, na altura. E, agora, é já muito tarde para perguntar...
Que pena...
ResponderEliminarGostei muito deste texto:)
Boa noite:)
Eu creio que acontece a quase todos, por não se perguntar, em tempo oportuno e às pessoas certas, a razão verdadeira dos factos. O mistério fica para sempre por esclarecer, depois e quando morre quem nos poderia ter esclarecido.
EliminarObrigado, Isabel.
Bom dia!
As Caxinas agora são um mar de chineses. :))
ResponderEliminarÀs Caxinas, já eu não vou há muito...
EliminarMas a Póvoa e A-Ver-o-Mar estão descaracterizadíssimos e, francamente, feios.