Isto de haver tantas celebrações - algumas supinamente ridículas - faz com que já nem cheguem os dias do ano, em singular, para deitar os foguetes. O mesmo acontece com os Santos da Igreja, que são tantos, que há dias em que se celebram aos magotes e grupinhos numerosos.
Juntar o Dia Mundial do Escutismo, na mesma data, com o do Livro, só por maldade, a menos que se queira lembrar apenas a literatura infanto-juvenil, apropriada aos escuteiros, o que seria redutor, porém.
O Livro é, na verdade, e para o mundo ocidental, a Bíblia. Como o Corão será, talvez, para o Islão, tão representativo.
E não tenho dúvidas em afirmar que os livros me deram grandes alegrias e muitos conhecimentos, ao longo da minha vida. São, para mim, objectos de estimação que muito respeito. Até sublinhá-los me custa...
Para o país que somos, alguns livros serão matriciais, mas nenhum tanto como "Os Lusíadas", de Luís de Camões, autor que, hoje em dia, pouco deve ser lido, na sua integralidade essencial. E em livro. E falo do que observo e noto, por exemplo, na grande quantidade de visitas, que quase diariamente vêm ao Arpose ler a magnífica "Carta da Índia", de Luís Vaz...Lê-la-ão por inteiro (que ela é extensa), ao menos?
Concordo consigo que há abundância de celebrações, o que acaba por resultar em se anularem mutuamente.
ResponderEliminarQuanto ao Livro, também sinto a mesma reverência pelo objeto em si, julgo ser um caso de complementaridade perfeita entre forma e conteúdo. E ler "Os Lusíadas" ou a "Carta da Índia" on line, para além de incómodo, parece-me um pouco contra natura...
O comércio, infelizmente, é que comanda esta incontinência de comemorações, que não o amor à "Arte"...
EliminarPode ser que as novas gerações venham a ler quase só "on line", mas perdem muito, até por deixarem de ter a curiosidade e o saber de como é feito esse objecto simples, mas precioso, e tudo aquilo que desperta, ainda hoje, em nós, quando o manuseamos.