domingo, 1 de fevereiro de 2015

Fragmento de um poema de Aimé Césaire


São normalmente extensos os poemas de Aimé Césaire (1913-2008), nascido na Martinica. E, se já no Arpose lhe traduzimos um poema (a 5/5/2012) mais curto, de algum modo, neutro, onde expressava a sua africanidade de raiz, neste fragmento do seu livro Cahier d'un retour au pays natal (1939), a dureza das suas palavras, bem como a sua ironia tensa, dirige-se ao colonizador europeu, numa negritude de tom quase agressivo. Assim:
...
Ouçam o mundo branco
ferozmente cansado no seu imenso esforço
as suas rebeldes articulações a estalar sob as estrelas cruéis
a sua rigidez de aço azul transparecendo na carne mística
escutem as suas vitórias produzidas para abafar o som das derrotas
ouçam os grandiosos álibis da sua vileza tonitruante
Piedade para os nossos conquistadores omniscientes e ingénuos!
...

2 comentários:

  1. Respostas
    1. A poesia de Césaire tem sempre uma força fonética muito impressiva...difícil de traduzir.
      Nada que se compare àqueles fazedores de versos, africanos, com grande número de pontos de exclamação..., embora também haja muitos exclamativos europeus..:-))

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