quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Os Trabalhos e os Dias (6): Velharias




Aqueles que usam, de forma pejorativa, a palavra velharias ignoram o gosto, o saber e a persistência que implicam o seu estudo, a sua conservação e colecção.



Por manifesta falta de tempo dedico-me apenas aos livros, mas gosto de porcelanas, embora menos da faiança. Como nada sei sobre a matéria, tenho lido com muito interesse os “posts” de Maria A. no seu blogue: Arte, livros e velharias. E aqui lhe deixo a terceira imagem de uma terrina que, segundo consta, sempre fez parte da casa de APS. É uma terrina sine notis, i.e., sem lugar, produtor ou ano de fabrico.



Talvez Maria A. se encante com a peça, velhinha e gasta.

Também sei que existe, entre os verdadeiros amantes de “velharias”, uma fraterna cumplicidade na partilha de descobertas.

Assim, retribuo os gratos ensinamentos de Maria A., mostrando-lhe a imagem de “meu” Germão Galharde. O livro, infelizmente incompleto, adquiri-o há uns meses a um bom preço. Ocupou os meus dias durante semanas, lendo e trabalhando, porque o restauro implicou a intervenção no papel e, depois de novamente cosido, a fixação do miolo na encadernação original após a limpeza do pergaminho. Como remate dos ensinamentos, entretanto alargados, aprendi a fazer uma caixa de guarda, pensando nos amantes vindouros de “velharias”.



Por fim, e para quem quiser ver ou ler o livro, com o incipit: Nom he pequena a obrigação de louuor, de Justiniano Lourenço, na íntegra, poderá consultá-lo através da Biblioteca Nacional Digital (BND), cuja cópia digital tem o registo: purl.pt. 16678.


Post de HMJ, dedicado a Maria A.

2 comentários:

  1. Fiquei realmente encantada com a terrina, HMJ! Que linda peça de faiança! Todo aquele relevado sobressai na monocromia do amarelo e torna-a uma peça muito bela e apetecível. E depois há o moldado das pegas a enriquecer o conjunto! Não me lembro de ter visto outra igual, mas estou cheia de vontade de percorrer os meus livros de faianças à procura de algo semelhante. Será provavelmente fabrico do Norte, já que sei ser essa a origem de APS, mas nestas coisas nunca se sabe...
    Quanto ao livro que restaurou, só tenho que lhe dar os parabéns! Pela obra e pelo restauro a que deitou mãos sozinha, feito a que ainda não me atreveria. Já há tempos que não faço restauro de livros, mas não me lançaria num trabalho destes sem supervisão, só pequenos arranjos, limpeza e colagens e pouco mais.
    É um nome mítico esse Germão Galharde, que sei que trabalhou aqui em Coimbra com os frades de Santa Cruz. Tem aí uma preciosidade!
    Obrigada pelas partilhas e pela dedicatória.
    Um abraço

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    1. Para Maria A.:
      ainda bem que gostou da terrina. Também só voltei a olhar para ela por causa dos seus trabalhos.
      No restauro do livro já não podia contar com o apoio do meu antigo "mestre". Reformou-se. Com pesquisas e leituras foi possível encontrar soluções adequadas e que, para mim, respeitavam o estado original do livro.
      Obrigada pelas suas palavras.

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