A História, de tempos a tempos, procura recuperar e reabilitar figuras que o passado, de algum modo, rotulou como déspotas, pusilânimes ou negativas. Por cá, o exemplo mais recente terá sido o de D. João VI, a que está ligada a fuga para o Brasil da família real, antecipando-se à invasão de Portugal, pelos exércitos napoleónicos. Na verdade, esta decisão não só provocou o desenvolvimento - improvável de outra forma - do Brasil, como evitou a submissão caricata do monarca aos desígnios de Napoleão. Como aconteceu em Espanha.
Dois livros recentes, segundo notícia do TLS (nº 5835), com abundante documentação (Imprudent King, de Geoffrey Parker, e World without End, de Hugh Thomas) tentam uma nova abordagem da personalidade complexa do rei Filipe II (1527-1598), de Espanha (e primeiro, de Portugal), revelando aspectos que, até aqui, tinham passado despercebidos a anteriores estudiosos. A relativização da Lenda Negra (participação na morte do filho, D. Carlos) dá lugar à importância da clarividência do monarca em relação ao tratamento dos negócios políticos, ao gosto intenso pela cultura. Bem como a manutenção concreta de governos nacionais, nos seus diversos reinos (Portugal, Nápoles, Países Baixos...), em simultâneo com uma centralização nas decisões capitais.
Até ressaltam alguns aspectos de jovialidade e bom humor de Filipe II, que o passado tinha descrito como rei sorumbático e sombrio...
Filipe II é-me bastante simpático.
ResponderEliminarQuanto à ida para o Brasil de D. João VI, ela provocou a independência do Brasil, o que foi um bem para ambos os países.
Até porque - JAD dixit - Filipe II até tinha mais sangue português do que o nosso D. Sebastião...
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