A tensão e o choque têm, naturalmente, um limite humano temporal, muitas vezes condicionado pelas agências de informação, nas suas implicações mais ligeiras ou superficiais. Passado quase um mês sobre o massacre de Paris, o ruído emocional tinha quase serenado, ao menos, por cá. Até que, ontem, os canais generalistas da televisão se cruzaram numa babel informativa sobre a dezena (ou mais) de portugueses emigrantes para o bárbaro califado medieval. Não explicaram é porquê. Também estariam desempregados? Creio que as razões terão sido mais fundas.
Pouco depois (16/1/2015) do massacre parisiense, o jornal Le Monde publicou alguns depoimentos-testemunhos, que tinha solicitado a intelectuais franceses, sobre o acontecimento. Da leitura que fiz, retive algumas palavras de Antoine Compagnon (1950) que, do meu ponto de vista, põem o dedo na ferida. Aqui deixo a sua versão, em português:
"O horror é que eles tenham podido atravessar toda a escolaridade obrigatória sem aprender a ler, a ler as palavras, a ler as imagens; o horror é que a família, a escola e a sociedade tenham falhado absolutamente em os iniciar em alguns valores que são a base, desde há séculos, da cultura francesa, anteriores, até, ao momento em que se começou a falar na liberdade de expressão, desde a Idade Média e para lá das guerras de religião: o riso e a tolerância, com Rabelais, Montaigne, Voltaire..."
Pois é. A questão é mesmo esta.
ResponderEliminarMas o ensino francês contemplará os clássicos, estudados nesta vertente?
Eu creio que a França também entrou pelos "experimentalismos", como cá...
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