segunda-feira, 4 de julho de 2011

A ressurreição de Georges Simenon


O recente ressurgimento de interesse pela obra de Georges Simenon (1903-1989) levou a que o jornal "Le Monde" lhe tivesse dedicado um suplemento de várias páginas, em 17/6/2011. Muito embora os livros, tendo Maigret como protagonista, continuassem a editar-se, regularmente, e a ter leitores fiéis, começou a aumentar o interesse pelos chamados romances "durs", três dos quais tiveram, em anos recentes, adaptações televisivas filmadas: "Les Innocents", em 2006, "Monsieur Joseph" baseado em "Le petit homme d'Arkhangelsk", em 2007, e a adaptação de "La mort de Belle", em 2009, sob o título de "Jusqu'à l'enfer", por Jacques Santamaria.
Também em Itália (com tiragens de 50.000 exemplares), na Suiça e Alemanha, a edição de obras de Simenon se tem intensificado através de novas traduções porque, como "Le Monde" refere, as antigas, em qualidade, deixavam muito a desejar. Nomeadamente 2 feitas, para a língua alemã, pelo poeta Paul Celan ("no melhor pano cai a nódoa"...). O filho de Simenon, John, estuda também a possibilidade de vir a publicar a correspondência pessoal do Pai, onde se incluem cartas de Fellini, Henry Miller, Mauriac e outros. Na França volta a publicar-se a sua obra completa, desta vez juntando no mesmo volume livros com os três  temas principais de Simenon: o policial (Maigret), o chamado romance "dur" e a autobiografia ficcionada.
Eu, que o tenho por autor de referência e cabeceira, há muito, gostaria de realçar algumas das suas obras da minha preferência, se possível a ser lidas em francês e no original: "Le chat" (1966), "Lettre à ma Mére" (1974), "Tante Jeanne" (1950), "La neige était sale" (1948). Mas o interesse e qualidade da obra de Simenon não se esgota nos 4 livros que acabo de referir. Não são, de todo, romances ligeiros, nem muito divertidos (para isso, ler "La maison des sept jeunes filles", de 1937), muitas vezes são até melancólicos ou pesados. Como diz Pierre Assouline: "Simenon se savait incapable d'être drôle." Mas a sua leitura, muitas vezes, também pode funcionar como uma vacina, tendente a um desejado reequilíbrio pessoal. Fica a recomendação.

para H. N., por óbvias razões.

4 comentários:

  1. Sou fanzíssima do Maigret, mas não dos romances duros.
    Li a correspondência dele com Gide.

    ResponderEliminar
  2. Alguns valem muito a pena, MR. Nunca li a correspondência, mas sei que Gide tinha grande admiração pela qualidade de escrita de Simenon.

    ResponderEliminar
  3. Eu sei, li alguns: O gato, O homem que via passar comboios, etc., mas...
    Se estiver interessado em lê-la...

    ResponderEliminar
  4. Obrigado, MR. Estou interessado, sim.

    ResponderEliminar