Informações há, que lemos, mas não sendo relembradas, somem-se no esquecimento para sempre. Sobre este, chamado por alguns "delirante", desconhecido ou anónimo pintor vimaranense do séc. XVI, li algumas coisas, creio que por volta de 1996 ou 1997, mas tinha-o esquecido. Não fora a visita guiada (e muito bem guiada) ao Museu Alberto Sampaio, de Guimarães, e, tão cedo, não o recordaria. O Museu tem, no seu acervo, algumas (poucas) obras dele, vindas de igrejas e conventos dos arredores, e que permitem datar a sua actividade entre 1510 e 1550.
O intricado da vegetação, nos seus quadros ou frescos, bem como uma pessoalíssima simbologia utilizada, por exemplo, na figura de S. Jerónimo (flagelando-se e mutilando o corpo com uma pedra) permitem reconhecê-lo. Também a repetição do desenho das calças, às riscas (à "tudesca"), dos homens, marcam a sua autoria. A elegância estética das suas figuras humanas e trajes, em X para os homens e em S (barriga empinada, como se fosse de grávidas) para as mulheres, atestam os seus conhecimentos de pintura, pelas normas da época.
Na imagem das 2 obras, numa aparece a "Virgem do Leite" (terá vindo da Igreja de S. Miguel do Castelo, onde dizem ter sido baptizado D. Afonso Henriques) ladeada por S. Bento e S. Jerónimo. Esta obra integrou a exposição de Primitivos Portugueses de 1940, em Lisboa. A segunda, um fresco retirado da sala capitular do Convento de S. Francisco (Guimarães), representa a "Degolação de S. João Baptista". Ambas, portanto, do Mestre desconhecido vimaranense.
Registe-se, a título de curiosidade, que o Museu Alberto Sampaio incentiva o mecenato particular, e que este último fresco foi restaurado graças ao patrocínio do Prof. Freitas do Amaral, que nasceu em Guimarães.
Ambos muitos lindos, mas, pelo que me pareceu, não vêm à expo dos "Primitivos Portugueses", que abre amanhã. É pena.
ResponderEliminarDeste pintor sei que vem 1 quadro, mas, provavelmente,não é nenhum destes.
ResponderEliminar