Lá encontraremos a alegria da luz mediterrânica que atenua a pobreza. E o mar não longe de casa, quase ao pé da porta. Porta de uma casa de sombras e de silêncio. Nas sempre raras palavras de uma Mãe, na mudez de um Tio, no tartamudear de outro. Como é que Albert Camus (1913-1960) não havia de ser um homem de palavras? Para dizer, por todos estes seres silenciosos, o que eles não puderam ou não quiseram dizer. Por todo este silêncio acumulado.
Também lá está essa indiferença de L'Étranger, neste caso quando o filho vai, da Argélia para França, ver a campa do Pai, que não conhecera, morto prematuramente, na I Grande Guerra. Mas também perpassa neste Le Premier Homme uma sugestão de sopro bíblico, naquele casal jovem que logo a princípio (a exemplo de Maria e José), ao cair da noite, por entre a natureza hostil da tempestade, procura o abrigo para a mulher dar à luz.
Não é um romance acabado, a biografia corre paralela ("...je vais parler de ceux que j'aimais."), nem tão exemplar como La Chute mas, apesar disso, é de recomendar, vivamente.
P. S.: para MR, por amplas razões.
Obrigado, ainda, eu. E foi um gosto!
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