segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Saída Real para o Brasil


Os últimos tempos têm sido propícios e pródigos a reavaliações de algumas personagens históricas cujo papel, de uma forma geral, não era considerado positivo para o País. Refiro-me ao público português anónimo, e não à área científica que se ocupa da História.
Uma das figuras pouco apreciadas era D. João VI. Passava por um rei timorato, indolente, guloso, pouco disposto a tomar decisões ou iniciativas. E que se submetia, muitas vezes, à vontade da consorte espanhola, Carlota Joaquina.
A 27 de Novembro de 1807, a Família Real embarcou para o Brasil, fugindo ao avanço do general Junot, e para manter, teoricamente, a soberania portuguesa livre e intacta, juridicamente, da submissão napoleónica. Esta atitude era considerada ambígua, por parte de D. João VI.
Hoje, porém, esta iniciativa de conservar inteira a imagem do Poder é, pragmaticamente, considerada correcta. Mesmo depois, e ainda hoje, o recuo do poder representativo, para se manter a salvo de constrangimentos espúrios ou estrangeiros, é sempre considerado como hipótese previsível. Na época do Estado Novo, o recuo seria para os Açores. E, no tempo de Marcelo Caetano, a primeira étapa de refúgio era a base aérea de Monsanto.
Por isso, a partida da Família Real para o Brasil, em 27 de Novembro de 1807, é hoje , consensualmente, aceite como uma medida acertada. Muito embora se possa discutir a excessiva demora da Corte nas terras de Vera Cruz, uma vez que o regresso à Metrópole só se verificou em 1821. Seja como for, a estadia de D. João VI foi, pelo menos, bem útil para o futuro do Brasil.

2 comentários:

  1. Tal como na Segunda Guerra Mundial muitos governos se exilaram em Londres ou Washington, perante as ocupações nazis e do Eixo. E o próprio governo britânico, perante a iminente possibilidade de invasão alemã, tinha um plano de retirada para o seguro Canadá...

    Compreendo bem D.João VI- custa sempre abandonar o Brasil, terra de todas as abundâncias...

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  2. Hoje realmente, LB, é prática corrente e aconselhada. Provavelmente, a ida para o Brasil da Família Real, por ter sido pioneira(?) foi mal compreendida,mas sensata. Haja em vista o que aconteceu em Espanha...

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