quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O 28


Imagine-se que o avião vai, pelo azul escuro, em direcção à lua - é tudo uma questão de perspectiva, sobretudo, agora à noite, olhando o infinito...
Ou que a Bivyta, através de Gand, vinda de Rheinkassel, desemboca, adolescente, no Chiado, às 10 da noite. Tem dezassete anos e fica fascinada pelo eléctrico 28. Amanhã quer ir na "Montanha russa", que ainda desconhece na sua total e estreita aventura. Mal dorme. Desembarca em S. Vicente de Fora, cedíssimo, desliza até à Feira e, metodicamente alemã, compra uma pedra estranha de 2 quilos, para o Pai que é escultor; um colar de conchinhas para a Mãe e um vinil para ela mesma. Mais subtil, menos imediata, como tem humor acerado, marralha a compra de uma redoma de Nª. Srª. de Fátima, de plástico, para oferecer ao Klaus, o namorado. Daqueles ícones que, agitados, projectam flocos de neve sobre a imagem sagrada. O que se irão rir na Universidade, pensa Bivyta. Volta feliz, no 28, para o Chiado: só gastou 14 euros.
Quando regressa, os Pais vão-na buscar a Bruxelas. Chove. Mas Bivyta nem repara. Quando abraça Ruth, regressada, filial e pequenina no seu metro e oitenta e cinco, diz para a Mãe: "- Portugal ist wunderbar!", e quase chora de alegria.

Sem comentários:

Enviar um comentário