sábado, 11 de setembro de 2010

Mercearias Finas 16 : fígados e a Quinta das Torres


A Quinta das Torres, cujas edificações, de estilo renascentista, datam da segunda metade do séc. XVI, está situada próximo de Azeitão. O conjunto arquitectónico, lago e jardins envolventes foram, ao que parece, idealizados por D. Diogo d'Eça. São uma espécie de Palácio da Bacalhôa menos sumptuoso. Além disso, há na Quinta das Torres um acervo de azulejos, com motivos da Eneida, muito belo. Funciona, desde há anos, como estalagem e restaurante.
A Quinta, no entanto e neste caso, é apenas o ponto de partida para abordar uma especialidade culinária que aprecio muito: fígado e, no caso particular, fígados de aves. Foi lá que almocei, há uns bons anos, uns magníficos fígados de aves acompanhados, creio, por um branco "Catarina" produzido, maioritariamente com Chardonnay, na Quinta da Bacalhôa. À sobremesa, o inevitável queijo babão de Azeitão, servido à colher. De fígados de aves, ainda me sirvo e escolho, no restaurante adstrito ao C.N.C., perto do Chiado, sempre que lá vou. Não será tão bom como o da Quinta das Torres, mas vale a pena prová-lo. Se se preferir vinho tinto, sugiro um "Maria Mansa" (da Quinta do Noval), se a opção for branco, o "Incantum" duriense porta-se com galhardia, com toda a certeza.
Mas passando do aéreo ao terrestre, sou também apreciador - quando bem feitas - de umas democráticas Iscas de Vitela. E mais. Num modestíssimo restaurante de Almada, que descobrimos e onde pontificam o Sr. Ribeiro e a Dª. Helena, senhora baixíssima mas alta cozinheira, provei, há cerca de dois anos e pela primeira vez, umas magníficas Iscas de Borrego. Laminadas na oblíqua, para lhes aumentar o comprimento. É raro haver, mas quando há, nunca as perco - são um autêntico manjar!
E, finalmente, aqui fica exarado para que conste, umas Iscas de Ganso, também laminadas e finas, preparadas pela vocação poética do meu grande Amigo António. Cortadas à fieira, grelhadas na chapa, com um polvilho de sal e pimenta - e a benção divina. Que requintada e excelente entrada!...

P. S.: obviamente dedicado ao António de Almeida Mattos.

4 comentários:

  1. Fígados de aves, sim. E os CNC têm dias. Uma das vezes eram de umas aves de quatro patas.

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  2. Também há dois prosimetronistas que sempre que vão ao Café no Chiado (e quando os há) comem "Fígaros" [sic]. :)

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  3. Depois de ler os seus comentários, MR, perguntei-me se não terei já comido (sem o saber)"fígaros"(:-))de avestruzes... Agora que elas são tão produzidas, neste nosso país...

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  4. Talvez, não me lembrei dessa hipótese de ave.

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