terça-feira, 16 de dezembro de 2014

De "O Bilhar", de Nicolau Tolentino de Almeida (1740-1811)


...
Mora defronte roto guriteiro
com jogo de bilhar e carambola,
onde ao domingo o lépido caixeiro
co'a loja do patrão vai dando à sola.
Gira no liso, verde tabuleiro,
de indiano marfim lascada bola,
erguendo aos ares perigosos saltos:
chamam-lhe os mestres d'arte «truques altos».

Ali se ajunta bando de casquilhos,
a que o vulgo mordaz chama «rafados»:
alto topete, prenhe de polvilhos,
que descalço galego deu fiados;
de quebrados tafuis vadios filhos,
pelas vastas tablilhas encostados,
altercam mil questões; prontos contendem,
prontos decidem no que nada entendem.
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2 comentários:

  1. Este poema é giríssimo. E a gravura não lhe fica atrás.

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    1. Sem dúvida. E oxalá quem não conheça se interesse por ler estas oitavas, na versão completa...

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