sexta-feira, 8 de julho de 2011

Nomes literários - uma despedida


Lá nos despedimos da Margarida, com saudade antecipada. Da sua franqueza, atenção e irradiante simpatia, discreta. Quando chegamos à esplanada, disse-nos logo: "Que bom!, foi transmissão de pensamento, porque, hoje, é o meu último dia de trabalho. Já estava a pensar em dizer-lhes adeus, através do Almirante..." Não foi preciso, felizmente. E atendeu-nos com aquela ternura e crueza natural  que rodeia, quase sempre, os últimos minutos de um adeus.
Fiquei a saber, por ela, que houve um Ricardo Reis, de carne e osso, que ainda era parente afastado (pela primeira mulher) de Saramago. Ainda é vivo. E casou com a Selma que devia o nome, também, a Selma Lagerlöf: lia-se muito, antigamente, mesmo nas classes mais desprotegidas. Era assim que os nomes da ficção literária passavam, por amor, para o real. Estive para perguntar à Margarida (mas não tive coragem) se o nome dela tinha alguma coisa a ver com Goethe, e o seu "Fausto". Até porque, eu próprio, estive para me chamar Tito, mas o meu Tio Víctor não conseguiu convencer o meu Pai. Mas, aí, a razão já não era literária, mas política...
Um sol dourado e ameno, de Julho, brilhava sobre o Largo tranquilo. Desejamos felicidades à Margarida e fomos ver o Tejo, um pouco nostálgicos. Havia gigantescas gaivotas sobre o rio. Quando voltarmos à esplanada, encontraremos decerto a Natália (Gilbert Bécaud?) que, na sua gracilidade juvenil, ainda há-de iluminar de alegria, os nossos olhos cansados e descrentes. Mas é pequena a compensação. A Margarida era única.

4 comentários:

  1. Quanto a Miss Tolstoi, não há qualquer dúvida. :)

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  2. Texto engraçado.
    Houve uma época cheia de Titos e de José Estaline. Depois foi proíbido coloca ese nome.
    Durante a Guerra nasceu muito Joffre. :)

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  3. Obrigado, MR.
    E houve também a época dos Lenines. Agora acho que vamos no tempo das Vanessinhas...

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