A Margot apareceu, sabe-se lá de onde, com ar aflito. Tinha vindo com o velho caçador, de bigode tricolor. Produto da idade e de ser um fumador compulsivo. Mas gostei de os rever.
Estávamos a meio de um lombo de porco, que a Graça, com suave e estético afecto, nos tinha assado. Julgo que o vinho era um Bucelas, porque era Verão. A luz batia, cristalina, sobre o tronco de árvore seca a que o Pedro dera honras de escultura, no pátio empedrado daquela casa antiga de Oeiras. Que já não era a de Algés - para mim, matricial e inesquecível.
Mas eu estava incomodado. O bulldog do Pedro lambia-me, dedicada e interminavelmente, com a língua esponjosa e espumante, as calças brancas de linho, por debaixo da mesa. Foi então que a Margot exclamou, intensa: "O rei Balduíno morreu!"
O casal belga ficou em silêncio, por minutos. Eu comecei a ficar exasperado: o bulldog, naquele seu ar tristonho, não parava de se espumar sobre as minhas brancas calças de linho...
Ainda bem, MR. Um bom fim de dia!
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