segunda-feira, 5 de abril de 2010

Seamus Heaney (1)


Seamus Heaney, poeta irlandês (como insiste em ser considerado) de língua inglesa, completará, no próximo dia 13 de Abril, 71 anos. Em 1995, foi agraciado com o Nobel de Literatura. O seu discurso de Dezembro desse ano, em Estocolmo, é um documento humano, muito vivo e interessante em que percorre a sua geografia sentimental, os seus afectos e experiências. A sua infância e adolescência passadas numa quinta do norte da Irlanda onde o barulho dos cavalos, no estábulo junto à casa, se misturava com as vozes das pessoas; fala da chuva sobre as árvores, nos ratos do celeiro, nas vozes dos locutores da BBC que, na infância e na sua invisibilidade radiofónica, lhe pareciam "divinas"... Refere Keats, Yeats, Hopkins para vir a centrar a sua intervenção, quase no final, na poesia. O seu discurso, na Academia Sueca, termina assim:
"... A forma do poema, ou por outras palavras, é decisivo para a força da poesia fazer aquilo que é e sempre foi a sua credibilidade: o poder de persuadir aquela parte vulnerável da nossa consciência da sua legitimidade, a despeito da evidência do fingimento que existe à volta dela, para nos lembrar que somos perseguidores («hunters») e coleccionadores de valores, e que a nossa própria solidão e angústia são credíveis na medida em que são, também, o que há de mais autêntico no ser humano."

4 comentários:

  1. Ontem fui buscar o único livro deste poeta que tenho para escolher um poema para colocar. Escolhi o poema e adormeci sentada, com o livro nas mãos. Logo colocá-lo-ei.
    Gostei do trecho que escolheu do discurso que desconheço.
    Fui procurar algo sobre esse poeta Hopkins que ele refere e que eu desconheço e vi chamar-se Gerard Manley Hopkins. Parece que tem alguns dos mais belos poemas irlandeses, segundo Cecil Day-Lewis. Também nunca li nada deste e só soube da sua existência (coisa ridícula!) por ser pai de Daniel Day-Lewis, actor de que gosto bastante.

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  2. Encontrei um livro sobre Gerard Manley Hopkins de Joaquim Monteiro Grilo (Tomás Kim). Vou ver.

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  3. Para MR:
    Hopkins, cuja obra conheço mal (5 ou 6 poemas), era muito admirado por T. S. Eliot. Era jesuíta o que explica alguma coisa dessa admiração. Julgo que a sua obra, impressa, só é publicada após a morte. Tinha, dizem, um estilo novo.
    Quanto a Seamus Heany, acho que vou voltar a ele, mais lá para a noite. Há 2 histórias no discurso-Nobel que merecem ser lembradas, só que eu não quis alongar muito o meu post sobre ele.

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  4. Não conhecia este poeta! Obrigada.

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