Seamus Heaney, poeta irlandês (como insiste em ser considerado) de língua inglesa, completará, no próximo dia 13 de Abril, 71 anos. Em 1995, foi agraciado com o Nobel de Literatura. O seu discurso de Dezembro desse ano, em Estocolmo, é um documento humano, muito vivo e interessante em que percorre a sua geografia sentimental, os seus afectos e experiências. A sua infância e adolescência passadas numa quinta do norte da Irlanda onde o barulho dos cavalos, no estábulo junto à casa, se misturava com as vozes das pessoas; fala da chuva sobre as árvores, nos ratos do celeiro, nas vozes dos locutores da BBC que, na infância e na sua invisibilidade radiofónica, lhe pareciam "divinas"... Refere Keats, Yeats, Hopkins para vir a centrar a sua intervenção, quase no final, na poesia. O seu discurso, na Academia Sueca, termina assim:
"... A forma do poema, ou por outras palavras, é decisivo para a força da poesia fazer aquilo que é e sempre foi a sua credibilidade: o poder de persuadir aquela parte vulnerável da nossa consciência da sua legitimidade, a despeito da evidência do fingimento que existe à volta dela, para nos lembrar que somos perseguidores («hunters») e coleccionadores de valores, e que a nossa própria solidão e angústia são credíveis na medida em que são, também, o que há de mais autêntico no ser humano."
Ontem fui buscar o único livro deste poeta que tenho para escolher um poema para colocar. Escolhi o poema e adormeci sentada, com o livro nas mãos. Logo colocá-lo-ei.
ResponderEliminarGostei do trecho que escolheu do discurso que desconheço.
Fui procurar algo sobre esse poeta Hopkins que ele refere e que eu desconheço e vi chamar-se Gerard Manley Hopkins. Parece que tem alguns dos mais belos poemas irlandeses, segundo Cecil Day-Lewis. Também nunca li nada deste e só soube da sua existência (coisa ridícula!) por ser pai de Daniel Day-Lewis, actor de que gosto bastante.
Encontrei um livro sobre Gerard Manley Hopkins de Joaquim Monteiro Grilo (Tomás Kim). Vou ver.
ResponderEliminarPara MR:
ResponderEliminarHopkins, cuja obra conheço mal (5 ou 6 poemas), era muito admirado por T. S. Eliot. Era jesuíta o que explica alguma coisa dessa admiração. Julgo que a sua obra, impressa, só é publicada após a morte. Tinha, dizem, um estilo novo.
Quanto a Seamus Heany, acho que vou voltar a ele, mais lá para a noite. Há 2 histórias no discurso-Nobel que merecem ser lembradas, só que eu não quis alongar muito o meu post sobre ele.
Não conhecia este poeta! Obrigada.
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