A tarde primaveril e amena convidava à dispersão pela calçada portuguesa. Falou-se da Foz, do Algarve, da Praia do Meco. Por ordem inversa, na contiguidade: Francisco Sousa Tavares, Cândido Guerreiro (sem lhe dizer o nome) e Sophia. De provocação, generosidade e heroísmo. E, eu tinha defronte o chafariz - que, de útil, passou a monumento seco -, onde um rosto imóvel de pedra me fitava e uma boca aberta que já não era fonte. À noite, em casa, vieram as palavras:
...e a sede foi secando pelas fontes
onde as bocas sorveram o vazio.
Daí veio o Juan Ramón Jimenez. Depois o comentário. Eugénio e Sophia para fechar o rectângulo do Largo soalheiro ("...estes dados reunem-se sempre para formar uma nova coerência.", T. S. Eliot). Também o meu interlocutor dissera: "Estamo-nos a atropelar na conversa...", e eu pensara: tal é a força da Primavera e da amizade. Ficou-me também uma zoada de italiano e espanhol na esplanada, mas o mais forte foi o riso que rimos e o bem que estavamos falando de coisas tão dispersas que iam de Lagos a Matosinhos, depois dos filetes de linguado com arroz de pimentos vermelhos. Com um Evel branco, muito fresco. Do passado ao futuro que ia acordando, imperceptível, da morte do presente. A Primavera no Largo...
P. S. : para "c. a. ", em diagonal.
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