Léon-Paul Fargue (1876-1947), poeta francês, fez várias incursões originais e interessantes sobre o tema poesia. Privilegiava a poesia simples, sem retórica, com pouco ornamento. Os excertos que se traduzem e transcrevem pertencem a efabulações contidas em "Suite Famillière (Sequência Familiar)".
"Descartes faz casamentos de razão. Rimbaud casamentos de amor. Os poetas fazem destes últimos. Num toque de trompa, uma trompa do vale de Thèvale, eles fazem convergir dos quatro cantos do universo as pessoas e as imagens menos semelhantes, as mais estranhas na aparência, e casam-nas, e juntam-nas como os hemisférios de Magdeburgo, e ao fim de cem anos, apercebemo-nos que fizeram bons conjuntos, assim como os grandes casamentos de Descartes, e que funcionam - pela eternidade."
"A palavra lâmpada é comum ao poeta e ao que acende as luzes.
O leitor crê que as palavras têm um sentido.
Em poesia, a inteligência faz os recados, leva os embrulhos, informa-se e vem dar notícia, faz as contas, classifica os pequenos papéis, selecciona as cartas de amor, telefona e prepara o banho. Como uma criada jovem e negra junto da sua bela patroa."
Uma delícia! [é francês, só podia... :-)]
ResponderEliminarO (1), depois do nome, no título, significa que estou tentado a continuar, c. a.. Porque as divagações do poeta são em tom muito "caseiro" e agradável.
ResponderEliminarTambém gostei.
ResponderEliminarEspero as próximas deste Léon-Paul Fargue que não conheço.
Sim, por favor. Apoio vivamente! :-)
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