Integrada na celebração da Paixão de Cristo, parece oportuno relembrar A Relíquia, obra de Eça de Queiroz, injustamente relegada para segundo plano.
As reproduções de diferentes pintores, lembrados a propósito da Paixão de Cristo, tanto no Prosimetron como no Arpose, trouxeram à memória o "sonho" do Teodorico queiroziano. Eis alguns trechos:
"Mas vêr Jesus ! Vêr como eram os seus cabellos, que pregas fazia a sua tunica, e o que acontecia na terra quando os seus labios se abriam ! ...
(...) A lenta aragem que balançava na janella o ramo de madresilva, e lhe aviviva o aroma, acabava talvez de roçar a fronte do meu Deus, já ensanguentada d'espinhos ! Era só empurrar aquella porta de cedro, atravessar o pateo onde gemia a mó do moinho domestico, - e logo, na rua, eu poderia vêr presente e corporeo o meu Senhor Jesus tão realmente tão bem como o viram S. João e S. Matheus." (...)
Ao terminar o "sonho", o amigo Topsius remata:
"- Theodorico, a noite termina, vamos partir de Jerusalem ! ... A nossa jornada ao Passado acabou ... A lenda inicial do christianismo está feita, vai findar o mundo antigo !" (...)
P.S.: citação com base na edição de 1902, Porto, Livraria Chardron.
Dedicado aqueles que partilharam comigo a leitura d'A Relíquia.
Post de HMJ
:) Nada mais apropriado. E também o desenho do João Abel Manta.
ResponderEliminarA Relíquia foi o segundo livro de Eça de Queirós que me deu mais prazer de ler.
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