O vinho foi por acaso. Não lhe gostava do nome: "Egoísta". O mesmo que o Casino do Estoril produz, em revista literária. Mas foi ele (o vinho) que me colheu, numa média-superfície destas novas igrejas ou catedrais de consumo. É nelas que, nas manhãs de domingo, os subúrbios, em vez irem à missa, vão às compras e se despejam em massas contínuas, ávidas, com a fome de séculos do campesinato pobre que a C. E. E. promoveu, ilusória e temporariamente. E de lá saem com os carros atulhados de sumos, cerveja, etc. Mas voltando ao "Egoísta" de 2005, tinto. O preço era jeitoso, mesmo para mim, que não sou grande apreciador de vinhos alentejanos tintos. Eu explico: sempre me dei mal com a casta de uvas "castelão" (ou periquita) - sabedoria de alguns anos de experiência feita: cai-me mal. E os vinhos tintos "alentejões" têm, muitas vezes, castelão ou periquita, este último nome tomado de uma quinta ("Quinta da Periquita"), na margem sul do Tejo, próxima de Azeitão. Que pertenceu a José Maria da Fonseca. Ora, este cavalheiro trouxe, em tempos já antigos, duma viagem que fez a França, alguns bacelos de Bordéus (castelão francês, também lhe chamam) e plantou-os na Quinta da Periquita. A casta é e foi generosa para com o viticultor. E, como era resistente e pródiga, cresceu, proliferou. Os vizinhos pediram-lhe cepas e ele, também generoso, foi dando. E a casta castelão (francês) foi inundando as Terras do Sado, o Ribatejo e o Alentejo. Em abono da justiça e verdade, os vinhos lotados com castelão, e mesmo os monocasta, são sempre sápidos e gulosos. Mas chega quanto a vinho tinto e castas de uvas.
Passemos a queijos de pasta mole, amanteigados, e de ovelha. Num pequeno supermercado, aqui à beira, enamorei-me, à primeira vista, dum queijo de Fornos de Algodres, de aspecto pejado e pródigo que me olhava da vitrine frigorífica, com os seus olhinhos interiores, pequenos e matreiros. Pesadinho, carote, mas não muito...Não resisti. E fiz bem. Em casa, casei-o, ao almoço, na sexta-feira, com o tal "Egoísta" do Alentejo. E foi casamento perfeito (vide Clássicos Sá da Costa) como o do Diogo de Paiva de Andrada. Quem me acompanhou, concorda. Eu recomendo. Vivamente.
Há dias também andava numa grande superfície a comprar um vinho e vi este Egoísta. Não liguei. Parece que fiz mal.
ResponderEliminarO rótulo do queijo também não me é desconhecido.
Obrigada pelas dicas, porque na próxima visita à grande superfície...
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ResponderEliminarSó uma pequena advertência, MR,quanto ao "Egoísta". Se o beber com visitas, é melhor decantá-lo primeiro ou passá-lo por um filtro daqueles de papel (para café de máquina), porque tem um bocado de "pé".
ResponderEliminarE bom proveito!
Obrigada!
ResponderEliminarO vinho cai sempre bem. Nós é que caímos mal.
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