De uma carta de Juan Ramón Jimenez (1881-1958) a seu amigo Ramón Gómez de la Serna (1888-1963) transcrevo, e traduzo, dois pequenos excertos:
"...Há uma realeza íntima, que não se contamina de ouropel, que é muda ou fala baixo, que, com todos os espelhos que tem dentro, multiplica os sonhos até morrer de verdadeiras enfermidades de emoção e de fantasia. (...) Os poetas fazemos uma vida dentro da corrente da vida universal, temos códigos próprios, ideais comuns, que estão escritos numa língua única, estranha ao vulgo em todos os países, igual e compreensível em todos eles, mas apenas para os eleitos. É algo assim como se a pintura ou a música fossem um idioma preciso... Esta é a palavra muda, a voz secreta. ..."
Também de Juan Ramon Jiménez, da «minha» Antologia», traduzido por José Bento (p.96):
ResponderEliminar«Inteligência, dá-me
o nome exacto das coisas!
... Minha palavra seja
a própria coisa,
criada por minha alma novamente.
Que por mim cheguem todos
os que não as conhecem, às coisas;
que por mim cheguem todos
os que já as esquecem, às coisas;
que por mim cheguem todos
os próprios que as amam, às coisas...
Inteligência, dá-me
o nome exacto, e teu,
e seu, e meu, das coisas.»
Obrigado, APS. Boa noite.
O curioso, "c. a. ", é que, depois de ler este seu "apport" - que agradeço - ficou-me a bailar na cabeça um eco rítmico vazio de qualquer coisa, ou qualquer poema, talvez de Eugénio de Andrade...se ele ganhar som, volto cá.
ResponderEliminarAfinal não era E. de A., era Sophia, mas o poema não o encontro. Só o livro : O Nome das Coisas, de 1977. Mas talvez isto não fique por aqui...
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