quinta-feira, 8 de abril de 2010

Palavras íntimas de um Poeta



De uma carta de Juan Ramón Jimenez (1881-1958) a seu amigo Ramón Gómez de la Serna (1888-1963) transcrevo, e traduzo, dois pequenos excertos:

"...Há uma realeza íntima, que não se contamina de ouropel, que é muda ou fala baixo, que, com todos os espelhos que tem dentro, multiplica os sonhos até morrer de verdadeiras enfermidades de emoção e de fantasia. (...) Os poetas fazemos uma vida dentro da corrente da vida universal, temos códigos próprios, ideais comuns, que estão escritos numa língua única, estranha ao vulgo em todos os países, igual e compreensível em todos eles, mas apenas para os eleitos. É algo assim como se a pintura ou a música fossem um idioma preciso... Esta é a palavra muda, a voz secreta. ..."

3 comentários:

  1. Também de Juan Ramon Jiménez, da «minha» Antologia», traduzido por José Bento (p.96):

    «Inteligência, dá-me
    o nome exacto das coisas!
    ... Minha palavra seja
    a própria coisa,
    criada por minha alma novamente.
    Que por mim cheguem todos
    os que não as conhecem, às coisas;
    que por mim cheguem todos
    os que já as esquecem, às coisas;
    que por mim cheguem todos
    os próprios que as amam, às coisas...
    Inteligência, dá-me
    o nome exacto, e teu,
    e seu, e meu, das coisas.»

    Obrigado, APS. Boa noite.

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  2. O curioso, "c. a. ", é que, depois de ler este seu "apport" - que agradeço - ficou-me a bailar na cabeça um eco rítmico vazio de qualquer coisa, ou qualquer poema, talvez de Eugénio de Andrade...se ele ganhar som, volto cá.

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  3. Afinal não era E. de A., era Sophia, mas o poema não o encontro. Só o livro : O Nome das Coisas, de 1977. Mas talvez isto não fique por aqui...

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