O último grande amor de Almeida Garrett (1799-1854) terá sido Rosa Montufar Infante, senhora de ascendência espanhola, Viscondessa da Luz, e casada. Garrett conheceu-a em 1845. Este idílio, ou paixão, veio a dar origem ao livro de poemas "Folhas Caídas", publicado em 1853.
As cartas de amor de Garrett, cerca de 300, foram quase todas destruídas. Restaram à volta de 20, milagrosamente, que se conservam na Biblioteca Pública de Ponta Delgada, provenientes da biblioteca do bibliófilo açoriano José do Canto. Reproduz-se um pequeno excerto de uma delas, escrita por Almeida Garrett e datada de 5 de Agosto (1846?):
"...Principiaste o dia amando-me muito; acabaste-o não sabes como. - Eu principio todos os dias amando-te muito, acabo-os amando-te muito mais. Qual de nós ama melhor? Se te parece que sejas tu, ..."
Infelizmente as «Viagens na minha Terra» traumatizaram-me. Prefiro, de longe, o trabalho que fez no Código Civil de Seabra :-)
ResponderEliminarRectifico: na redacção do Código de Seabra interveio Alexandre Herculano. Julgo que Garrett foi o principal redactor da Constituição de 1938, esta:
ResponderEliminarhttp://www.arqnet.pt/portal/portugal/liberalismo/const838.html
Corria o ano de 1853 Alexandre Herculano - cujas poesias tinham saído reunidas num volume três anos antes - entrou numa livraria do Chiado e viu umas provas tipográficas em cima do balcão.
ResponderEliminar-Versos ? Ainda há quem faça disto? e foi lendo.
-De quem diabo é isto? Só há um homem em Portugal capaz de os fazer. São do Garrett?
-Aquele diabo não pode com o talento que Deus lhe deu!Parece que tem vinte anos. Este livro fará com que se lhe perdoe tudo.
O livro (FOLHAS CAÍDAS) saiu e foi um escândalo.
"Era evidente, nos poemas da primeira parte a referência directa ou cifrada à Viscondessa da Luz,cujos amores adúlteros com Garrett haviam sido notórios.E o tom do livro, em que a par de singelíssimas líricas, todos os cambiantes de uma paixão violenta e sensual eram dados com uma contenção rítmica e uma elegância coloquial inegualáveis, esse ressumava uma intensa e culposa sinceridade, que só uma juventude muito madura seria capaz de atingir." (J.Sena)
Para "c.a.":
ResponderEliminar"As Viagens..." estâo. pelo menos,muito bem escritas. Mas eu, de Garrett, aprecio mais as Folhas Caídas".
Para Luís:
ResponderEliminarHerculano,sem o saber, serviu também de pau de cabeleira a Garrett, num período em que este se aboletou na Ajuda e iam passear até Pedrouços...
Dele, dizia A.Herculano a Gomes de Amorim:"...Bem sabe que o Garrett morreu (em certas relações)com os mesmos vinte e cinco anos que tinha trinta anos antes..."
Para c.a.:
ResponderEliminarOs "traumas" na leitura de determinados clássicos da literatura portuguesa devem-se, sobretudo, a um deficiente enquadramento da obra no seu contexto. Não pode o leitor entender uma obra passada sem o esforço suplementar de a "receber",i.e., "re-colocar" o seu olhar. Outro disparate, recente, é a substituição da leitura integral por excertos. Para além de assassinar a obra - e o autor - tem o efeito contrário ao desejado por algumas "boas almas". A leitura de "pedaços" anula, quase sempre, a compreensão da obra no seu conjunto.
Acredite que é uma obra fascinante, consegue reunir os vários géneros literários - narrativo, dramático e lírico - para além de um belíssimo estilo que nos esclarece, ainda, sobre o contexto histórico.
E, para já, basta de conselhos sobre "As Viagens", várias, de A. Garrett.
Li as Viagens no liceu com grande esforço. De verdade. Voltei a lê-las bastantes anos mais tarde e adorei.
ResponderEliminarPara HMJ e MR:
ResponderEliminarPronto, pronto, convenceram-me! Vou dar uma segunda oportunidade ao Garrett. Muito obrigado :-)