Volta recente me fez andar por territórios que, antigamente, foram domínio, ou inspiração patronímica da Ordem de Santiago. E a compra e leitura do pequeno livro "Ordens Militares e Religiosidade - Homenagem ao Professor José Mattoso", de meu aproveitado gosto, anima-me a que partilhe, neste espaço, um breve excerto, de maior sabor e não menor curiosidade - a quem interessar. Assim, um pequeno estudo de Saul António Gomes ("Monges e cavaleiros de Portugal medieval: os horizontes espirituais"), no livro citado acima, refere algumas palavras de S. Bernardo de Claraval (1090-1153) sobre os cavaleiros Templários, que passo a citar:
"...Detestam o jogo de xadrez e o dos dados; aborrece-os a caça e nem sequer se entretêm com a caça por aves de rapina. Odeiam mimos e estriões, magos e jograis, canções profanas ou espectáculos de jogos, como outras falsas vaidades ou desaguisados. Tonsuram o cabelo, sabendo, segundo o Apóstolo, que é desonra deixar crescer a cabeleira. Raramente lavam o corpo, embelezam a face ou cuidam do penteado, andando cobertos de poeira, queimados pelo sol que os abrasa e pela loriga que os protege."
Modelo a não seguir.
ResponderEliminarSobretudo quanto a asseio...
ResponderEliminarE gostariam de rezar? Parece-me que só resta mesmo esta actividade (além de cortar cabeças, claro...)
ResponderEliminarEntão Deus,tendo piedade de nós/começou a ensinar-nos/como devemos banhar-nos/lavar-nos, purificar-nos,perder toda a vergonha/na força e poder do seu santo Nome.(...)Que nenhum pecado original volte a esmagar-nos./Isto foi feito por Deus tão abertamente/ que o mundo inteiro o viu:/ foi o pròprio Deus que nos chamou para o banho / ao som da sua trombeta.
ResponderEliminarThomas Murner, BADENFAHRT, Estrasburgo, 1514
Mais tais rigores foram-se atenuando com o tempo: perdida a Terra Santa, tornaram-se os banqueiros da Cristandade...
ResponderEliminarPara "c.a.":
ResponderEliminaro livro aponta, também, graves lacunas de formação religiosa, nos cavaleiros. Mas, em abono, de outras "actividades", refira-se que o pai de D.Nuno Álvares Pereira teve 32(e creio que é o número exacto)filhos...sendo embora Grão-Mestre...
Desta vez deixou-me em branco, Luís!
ResponderEliminarDizem-me, do lado, que este franciscano da Alsácia seria uma espécie de Gil Vicente com poética muito própria. Vou por-me em campo...
Obrigado.
32 é obra! :-)
ResponderEliminar32 ?! - Rever conceitos de pedofilia.
ResponderEliminarSua Santidade b) afirma (Impunemente - somos sempre cavalheiros com quem usa saias)vagamente apoiado em estudos não referidos (confiáveis?)que a pedofilia está relacionada com a homosexualidade.
Convenhamos, então, que os padres pedófilos serão homosexuais e que talvêz ( e há estudos!)os ambientes maioritáriamente masculinos ( e confinados no espaço)-(com a agravante do celibato - ou atenuante? )favorecem o aparecimento da homosexualidade, pois esta não é uma orientação natural mas um vicioso desvio de comportamento, segundo a S.S. e a papal infalibilidade. Consequentemente a pedofilia.
E os colégios de meninas e Irmazinhas de caridade?
Sucinto relatório:
Mafalda,filha de Amadeu III Conde de Sabóia, Moriana e Piemonte casou, com Afonso Henriques, rei de Portugal- ou para lá se chegava - teria 10 inocentes aninhos.O infante Sancho nasceu em 1154, mas já antes tinham nascido Henrique e João.
Maria Pia de Sabóia, filha de Vitor Manuel II de Itália casou com Luis I de Portugal tinha 15 aninhos.
Maria II casou com Fernando Augusto tinha 15 aninhos.
Dulce de Aragão filha do Conde de Barcelona e de Petronilha de Aragão casou com Sancho I já ia nos 23... mas já tinha gozado as primícias do estado de casada com Armengol, Conde de Urgel.De Sancho teve 12 filhos... Quanto vale o treino!
Mas só da Ribeirinha (Maria Pais) teve o Rei mais seis.
Beatriz de Gusmão filha (natural) de Afonso X o Sábio já existia em 1244 (Sabe-se por carta de doação) veio casar a Portugal em 1253, teria 10, 11, sendo Afonso III mais um pai carinhoso...(Ainda vivia Matilde de Bolonha.) Fez-lhe Fernando, Dinis, Afonso, Vicente, Branca, Sancha e Maria.
Estefânia Hohenzollern-Sigmaringen casou aos 21 com Pedro, o V, mas, dizem as más línguas e os médicos, morreu imaculada.
Isabel de Aragão, filha de Pedro III e de Constança de Nápoles abriu os braços a D. Dinis com 11 anos.Foi Santa.
Afonso V não consumou o casamento com Joana de Castela, de 13 anos. Seria a Excelente Senhora.
Leonor de Lencastre tornou-se raínha ainda não tinha 13 - mas João (o II) não tinha 16.
Mariana de Austria entregou-se nos braços de João V com 15 anos.
Mariana Vitória de Borbon com 11 primaveras, desposa José de Bragança.
A fogosa Carlota Joaquina, filha da fogosa Luisa de Parma, casou com 10 anos.E tendo espantado o Joãozinho do leito conjugal,espantou todos com o rancho de filhos que lhe deu.Consolou-se ele com o Lobato.
E por ´i fora. Mudam-se os tempos... mudem-se as idades.
Perdoem o arrazoado e o desabafo
Luís, deixou-me estarrecido com tantos exemplos de que eu apenas conhecia uma pequena parte...
ResponderEliminarÉ certo que a esperança de vida, nessas alturas, era muito curta e havia que deixar decendentes.
Por outro lado (e já o escrevi num Blog amigo), os portugueses em matéria de gastronomia "pedófila" têm muitas culpas no cartório: leitões, anhos, jaquinzinhos, passarinhos, petingas, vitelinhas mamonas,ovas...
Das jovens casadas difícil foi parar.Folheando, mais uma, mais outra... Exagerei!
ResponderEliminarNão sei o que são mamonas, para além das assassinas e das evidentes
Aprendi um coisa que gostava de partilhar:
Caneja d´infundice (!)
A caneja é parente do cação mas tem barbatanas peitorais mais pequenas e pintas escuras no dorso e dos lados.
Infundice é uma barrela de urina em que se põe a roupa muito suja.
(em Pompeia a urina das latrinas era canalizada para uma oficina de branqueamento de lã)
A caneja é amanhada, embrulhada em sarapilheira (ou pano).Três dias depois tempera-se com sal e volta a embrulhar-se por mais 4 ou 5, e volta a juntar-se sal.Completada a semana de cura - que deve ser feita em local escuro ou mesmo enterrada, a caneja libertou o cheiro a amónia´
Coze-se em bastanta água Serve-se com batatas.
Prato rústico de sabor intenso textura macia - diz quem comeu.
O azeite, em contacto com o bicho fica esbranquiçado, leitoso.Garantem que um vinho, mesmo mau, ganha asas com a caneja. (pudera!)Considerado uma raridade, só é preparado de encomenda e não em todos os sítios.
Onde? Pasme-se! Na Ericeira
apud David Lopes Ramos
Eu até costumo ler o D. Lopes Ramos com atençâo, mas desta vez acho que deixei passar. Grato pela partiha. Já agora, ainda haverá patelos, aí no Norte? O último que comi foi, há mais de 40 anos, na Póvoa de Varzim.
ResponderEliminarNão é o mexoalho de que fala Brandão ?
ResponderEliminarMais isso usa-se como adubo!...
E mamonas ? o que é ?
Ou comem-se grelhadas na chapa com manteiga e limão, como nos Açores ?
ResponderEliminarPara Luís:
ResponderEliminaros patelos são pequenas raias, mas de carne mais consistente, e de sabor um pouco parecido com o dos linguados. Que saudades!...
Quanto às vitelinhas mamonas, são aquelas que ainda se alimentam da mãe-vaca, por isso a carne é muito branca e tenríssima.
Mamonas fui chegando lá, pelo burro mamão.
ResponderEliminarPatelos ou mexoalho,pequenos crustaceos usados como adubo. ou, tb, lapas.As raias gostava d esperimentar.
No sul de Espanha - e em Tavira, provei puntilhitas, lulas mínimas, tamanho de cabeça de dedo mindinho.Para lá das angulas ou meixão, que vai todo para Espanha.do verdadeiro comi em Lx.
Valha-nos o picado da gula...