Tive o privilégio de a ter tido como professora, em Coimbra, no início dos anos sessenta, ainda a Profª. Dra. Maria Helena da Rocha Pereira (1925) não tinha completado 40 anos. Era também clássica no trajar e, raramente, dava as aulas com o cabelo a descoberto. O sorriso muito discreto, quando falava da "aurora de dedos róseos", não me permitia adivinhar - na ignorância própria da minha juventude - que ela gostava muito de poesia. E, só muito mais tarde, o vim a perceber. Por isso, quando a manhã de hoje me trouxe a boa nova de que a minha Professora de Coimbra tinha sido agraciada com o prémio "Vida Literária", da A. P. E., reconciliei-me, uma vez mais, com o meu País. Mesmo quando a notícia é postergada para a nona página do suplemento do "Público"; e os Óscares tenham direito à 1ª página: no jornal e no suplemento.
Eu sei: estamos em Portugal. A cultura grega ou a cultura portuguesa o que valem?...face à cultura de Hollywood?..., bem pequena coisa, infelizmente...Por uma uma vez, no entanto, este país parôlo e, tanta vez, provinciano, reconheceu, através duma das suas Instituições, a qualidade enorme desta Senhora da cultura. Não é de perder a esperança no futuro...
" A la minoría siempre", como dizia Juan Ramón Jimenez, longa vida à Professora Doutora Maria Helena da Rocha Pereira! E obrigado.
Merecidíssimo, como já disse noutro local.
ResponderEliminarGostei deste seu post não só por ter trazido a Prof. Doutora Maria Helena da Rocha Pereira que admiro, mas também, pela sua opinião acerca da cultura greco-latina em contraste com a americana.
ResponderEliminarRealmente, faz-se pouco pela cultura em Portugal, não se trazem grandes Companhias estrangeiras e os próprios espectáculos são caros.
Divulgar a cultura de qualidade tem sido uma falha dos nossos governantes. E piorará...
Há pouco esqueci-me de referir que o jornal Metro tinha uma chamada na p. 1. E esta, anh?!
ResponderEliminarObrigado,Ana.
ResponderEliminarPara MR: eu que já o apanho, por causa do "sudoku",recolhê-lo-ei, a partir de agora com muito mais reverência...viva o "Metro"!
Grande aficcionada que sou da cultura clássica e contaminada até ao tutano de cultura americana - sem desdém, que não me ficava bem morder a mão que me dá de comer e me ajuda a dormir à noite - digo que o que mais me espanta é a chamada de primeira página o metro! afinal, nem tudo parece estar perdido.
ResponderEliminarE a Dona Paciência viu os óscares e achou que alguns eram "disparatados", mas que o George Clooney "ia muito bem". Aquela "sirigaita" que ia com ele é que não tinha grande jeito.
Da Rocha Pereira, achou mal esperarem até a senhora fazer 85 anos, que mais um bocadinho e ficava sem saber que era uma senhora de grande valor. "É o país que temos", rematou.
Tambem fui aluna da Prof.Dra.Maria Helena da Rocha Pereira, no final da década de sessenta,e recordo com saudades as suas aulas.
ResponderEliminarFoi um prémio de "Vida Literária" muito bem atribuído.
Cara merryl:
ResponderEliminarsó agora decodifiquei, via Manuel Bandeira.
Mais uma vez, bem-vinda!
A "Senhora" da cultura é daquelas que a gente nunca mais esquece - pelos bons motivos.
Na qualidade, acrescento Vitorino Nemésio e Jorge Dias, mas já de Lisboa; e ainda Peralta Ribeiro, pela simplicidade e simpatia. Como vê, são poucos os nomes que a minha memória guardou...