O poeta francês Paul Verlaine nasceu em 30 de Março de 1844, e morreu em 1896. O pintor Vincent van Gogh, de origem holandesa, nasceu a 30 de Março de 1853, e veio a suicidar-se em 1890. Há algo de maldito que liga estes dois grandes artistas.
O cantor e poeta Léo Ferré num prefácio em que apresenta Verlaine aos leitores, num exemplar de "Poèmes saturniens" suivi de "Fêtes galantes", escreve o seguinte:
"Os pássaros que observamos, no mar, ao abrigo duma vidraça, fazem sinais desesperados ou, pelo menos, assim queremos acreditar, porque a matéria que há entre nós e eles favorece a especulação e o sonho; e nós queremos ver, na sua geometria alimentar ou simplesmente discursiva, uma oração, uma dúvida, uma história. O desespero dos grandes pássaros marinhos é semelhante ao dos poetas. Demasiado longe de nós, num azul que quase tocamos com os dedos e o pensamento, eles têm o ar de não «Ser» senão para nós, para o nosso repouso, para as nossas deambulações de conversa, para a nossa meditação. (...) A música dos versos como o bater das asas é tributária do instante. A ave é prisioneira do seu voo. Como o poeta é do seu, quero dizer, de uma ortografia, duma prosódia, dum ritmo. ..."
"A ave é prisioneira do seu voo". Vou reflectir hoje sobre este pensamento. Gosto de Verlaine. Nunca tinha associado as duas mortes. Gosto muito de Van Gogh!
ResponderEliminarObrigada.
Texto belíssimo de alguém que canta Verlaine e Rimbaud como ninguém mais fez.
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