sábado, 6 de março de 2010

Bibliofilia 8 : Francisco de Quevedo y Villegas



Nos séculos XVI e XVII o intercâmbio cultural entre Portugal e Espanha era concreto e real. Por outro lado, grande parte da elite portuguesa era bilingue. Muitos dos nossos melhores autores também escreveram em castelhano: Gil Vicente, Sá de Miranda, Camões, Francisco Manuel de Melo... Assim, é perfeitamente natural que a obra poética de Francisco de Quevedo y Villegas (1580-1640) tenha sido publicada, em Lisboa, pelos Craesbeeck, na sua 4ª edição e, primeira portuguesa, em 1652 (Palau, 244332; Sousa Viterbo, pgs . 368/9). Não é caso único.

O meu exemplar de "El Parnasso Español, Monte en dos cumbres...", de Quevedo, que, apesar de algumas manchas de humidade, se encontra em bom estado de conservação, tem apenas um senão: no frontispício tem o canto inferior direito restaurado; boas margens, no geral, com anotações coevas manuscritas.

Comprei-o, em 21/6/1993, por Esc. 8.000$00 (cca. euros 40,00), em Lisboa. No próximo dia 10 de Março será posto à venda um exemplar igual, no leilão do Palácio do Correio Velho (lote 752), que tem uma estimativa de venda de euros 400,00/800,00.

8 comentários:

  1. A propósito de Quevedo, também hoje, na Fnac, encontrei a Antologia «Arquilloco a Nietzsche - Poesia de 26 Séculos», de Jorge de Sena, que organizou e traduziu os poemas. Passei os olhos. Li um poema delicioso, do Quevedo, sobre um nariz, e depois «encalhei» no «Tigre», do William Blake. Devo confessar que não me entusiasmou nem um bocadinho, ou seja, o oposto do que me aconteceu com a sua. Gosto mesmo muito da sua. Achei que devia dizer-lhe.

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  2. Refiro-me à sua tradução, claro, que está aqui:
    http://arpose.blogspot.com/2010/02/william-blake-poeta-iluminado.html

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  3. Obrigado pelas suas palavras.
    O poema do Quevedo a que se refere é,suponho:"A un hombre de gran nariz". Traduzi-o, parcialmente, no "Salão de Recusados IV: Narizes literários".
    Sobre as traduções, de Jorge de Sena, costumo apelidá-las de anarco-criativas, as de Paulo Quintela (Rilke, Hölderlin,...), académico-literais. Ambas tem virtualidades positivas e factores negativos; mas são das melhores. Como em prosa são muito boas as de Miguel Serras Pereira - que felizmente, ao contrário dos outros dois,ainda está vivo.Do restante, há muito abuso e mediocridade...

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  4. Estive hoje no leilão do Palácio do Correio Velho e por isso posso dizer-lhe que o exemplar que refere foi vendido por 200,00 euros ( a encadernação estava em muito mau estado...)

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  5. Quanto ao poema do nariz, é precisamente esse que refere ter traduzido. Uma delícia!

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  6. Para "c.a." : muito obrigado pela sua informação que já anotei - gosto de acompanhar os preços de algumas obras portuguesas e não só. Só que, agora, já vou pouco a leilões, porque grande parte daquilo que queria ter, já tenho, e o que me falta já não lhe consigo chegar por causa do preço... O problema com os Leilôes do Correio Velho, para além das muitas "tias e tios" e respectiva "feira das Vaidades", é que os livros antigos, normalmente, estão em mau estado.
    Mas é estranho e, ao mesmo tempo, sintomático que eles tenham baixado a parada da estimativa de euros 400/800, e tenham vendido o livro pelos 200 euros.
    Uma vez mais obrigado pela sua atenção!

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  7. Compreendo-o muito bem, em todas as vertentes, incluindo os "tios e tias" e a "feira das Vaidades". Curiosamente, desta vez até nem estava mau, talvez por ser um dia de semana, à tarde, e o leilão respeitar apenas a livros. O pior de tudo foi ver uma biblioteca tão completa e bem organizada ser «retalhada» daquela maneira. Uma dor de coração, que (estupidamente, admito) me dá sempre problemas de consciência...
    Por curiosidade tomei nota dos preços, pelo que se estiver interessado em saber o preço de mais algum lote, faça o favor de dispor, podendo até, se preferir, usar o meu email, disponível no perfil:
    http://www.blogger.com/profile/07098960506674285564

    Deixei ainda uma outra nota a propósito do leilão no seu post sobre o João de Deus.
    Não há que agradecer, conversar consigo é sempre uma honra e um prazer.

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  8. Caro c. a. : vou aproveitar a sua gentil oferta. Há 2 ou 3 lotes de que gostava de saber o preço. Darei notícias,via email, em breve.

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