sexta-feira, 12 de março de 2010

Raul Brandão






Raul Brandão (1867-1930) nasceu a 12 de Março, na Foz do Douro, mas está intimamente ligado a Guimarães: casou com uma vimaranense da Rua Val de Donas e, a partir de cerca de 1897, mandou construir em Nespereira (próximo da cidade-berço) a denominada Casa do Alto onde passaram a viver. Maria Angelina Brandão - que ainda tive o gosto de conhecer em 1962 - transcreve, num livro de memórias, "Um Coração e uma Vontade" editado em 1959, o retrato do Escritor, enquanto jovem. Fá-lo, através da carta de um amigo (Duarte do Amaral Pinto de Freitas), pelas seguintes palavras: "...um belo moço, muito alto, louro, de olhos azúis, falas mansas, bastante nervoso, um tanto tímido e pouco comunicativo."

Vimaranense por adopção e afecto, Raul Brandão reflecte, quase sempre, nos seus livros de ficção, e em pano de fundo, esses invernos minhotos rigorosos, lúgubres e sombrios onde o cinzento nublado se cruza com o granito lavado pela chuva monótona e insistente. "Húmus" é disso exemplo, até à saciedade. Faz precisamente o contraponto com o homem do Sul que foi Teixeira Gomes, seu contemporâneo, em cujas obras (e títulos: "Inventário de Junho", "Agosto Azul") a claridade é dominante.

Relembro, aqui, Raul Brandão neste dia que era dos seus anos pelo gosto que me deu ler "Os Pescadores", "As Ilhas desconhecidas" ou essa obra notável, de amor ao seu país, intitulada "Portugal Pequenino" que escreveu em conjunto com sua mulher, Maria Angelina Brandão.

7 comentários:

  1. Sou uma fã das Memórias do Brandão. Também gostei muito d'As ilhas desconhecidas.

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  2. Uma grave lacuna nas minhas leituras. Não tenho ideia de ter lido algum dos seus livros, nem sequer na escola... Vou ter de remediar isto e talvez comece pelas «Memórias», por ser um género da minha predilecção. Grato!

    PS: voltei a deixar-lhe uma pequena nota no «Quevedo». Refiro-o aqui porque o post já está tão lá para baixo que receio que não se aperceba. Uma boa noite.

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  3. Caros MR e c.a.: as "Memórias" foi mesmo o último livro que li, de Raul Brandão, em 1983
    (pela data e marca de posse, manuscrita que lhe puz); era um título "introuvable" ou caro em leilões. Até que a "p & r (perspectivas & realidades)" o reeditou e eu, finalmente o comprei. Antes deste post, reli-o, por alto, e de novo colhi a impressão de frescura, vivacidade e humor que o atravessa. Muito diferente de "Húmus" que, apesar de repetitivo e fragmentário, considero a obra-prima de RB - mas é um murro no estomago... Li-o 1 vez e não me atrevo a repetir. De vez em quando, espreito uma página ou outra, e volto a pô-lo na estante...

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  4. Eu sei que Raul Brandão tem muitos admiradores e que influenciou muitos escritores da nossa praça, mas li uma única vez o Húmus, assim como O gebo e asombra, etc., e duas Os pescadores, a última das quais há talvez três anos. Devo dizer que até o li com prazer. Mas não sou uma indefectível do Brandão, a não ser das Memórias. As edições que tenho tanto deste livro, como d'As ilhas desconhecidas também são da P&R.
    Mas li a quase totalidade da obra de RB em 1979-1980, por razões de trabalho.

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  5. Tenho andado pelas Memórias, por razões óbvias.

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  6. Li "Os Pescadores" e a Morte do Palhaço e o "Mistério das Árvores". Gostei mas só conheço estas duas obras.

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