quinta-feira, 4 de março de 2010

Mercearias Finas 3






Em 2005, mais ou menos por esta altura do ano, tivemos de ir a Viseu, à Biblioteca municipal da cidade, ver e consultar um livro raro de que há muito poucos exemplares em Portugal. Era um post-incunábulo. Tratava-se do "Catecismo / pequeno..../ copilado pollo reverendissimo senhor dom Dioguo ortiz bispo de çepta...", editado em 1504, em Lisboa. E impresso por Valentim Fernandes e João Pedro Buounhomini de Cremona. A bibliotecária-chefe recebeu-nos gentilmente, levou-nos a uma pequena sala, abriu um cofre monobloco, e entregou-nos o precioso volume, para consulta. Mais tarde, ainda teve a amabilidade de retirar do cofre, para nos mostrar, o original do primeiro foral de Viseu, maravilhosamente iluminado.


Ao fim da tarde, e pelo meio de um nevoeiro intenso e "sebástico", fomos à procura do "Clube dos Caçadores", em Lordosa. O restaurante está inserido numa vivenda de médias dimensões e tem uma decoração interior alusiva à caça, equilibrada e simples, mas, e como dizem os ingleses, muito "cosy". Feita a consulta da ementa, optamos pelo arroz de perdiz. O empregado, pouco depois, veio pedir desculpa por já não haver míscaros - que faziam parte da receita - mas disse que os substituiriam por uma qualidade muito aceitável de cogumelos. De seguida: a carta de vinhos. Devo dizer que a minha região demarcada preferida é a do Dão. Infelizmente, o Dão nunca teve um enólogo inspirado como o Douro teve, e que criou o "Barca Velha", até porque a região vinícola tem potencialidades para isso. Mesmo assim os vinhos desta zona são, quando bem feitos, pelo menos, elegantes e de grande equilíbrio gustativo. E, como eu andava com curiosidade em provar o "Vinha Paz", tinto, a escolha recaíu num "Reserva de 2003".


Que estava magnífico. Bem como o arroz. E esta - e para lembrar o Abade de Jazente - é toda a "história da(s) perdiz(es)", nessa noite no limiar da Primavera, por entre um nevoeiro em que o D. Sebastião não chegou a aparecer...

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