domingo, 14 de março de 2010

Mercearias Finas 4






A primeira vez que comi rodovalho ("scophthalmus rhombus, Linnaeus") foi no Porto. Ou no "Abadia" ou no restaurante "Palmeiras", ambos de boa memória, mas que ainda lá estão, creio que na mesma rua tripeira. Quando íamos ao Porto, a minha Mãe e eu, era num deles que almoçávamos. Sempre gostei dos peixes espalmados, de águas profundas (como Mário Soares "classificava" Jaime Gama), de carne branca, sólida e macia: linguado, badejo, patêlo (Póvoa de Varzim), menos um pouco - a solha. Mas o meu preferido é, sem sombra de dúvida, o rodovalho. E não o comi, mais do que uma dúzia de vezes, na minha vida. Em Lisboa, não aparece muito; mais a Norte. E a melhor época para o apreciar, devidamente, é de Setembro a Abril. No Sul, lembro-me de um enorme e magnífico rodovalho que saboreei, gostosamente, numa pequena quintinha, em Dona Maria, pequena localidade da linha de Sintra, grelhado, e muito bem, pela anfitriã que era uma excelente cozinheira. Foi acompanhado por um modesto mas honesto branco, feito na propriedade.

Mas, ontem, matei saudades. Com bons amigos, em ambiente familiar. O rodovalho é um peixe ósseo, de carne muito branca e tem a particularidade de ter os dois olhos quase colados um ao outro. É uma espécie de peixe estrábico - como bem humoradamente dizem... E chega a atingir quase um metro de comprimento. HMJ encomendou dois, pequenos, no mercado do Monte da Caparica (fresquíssimos que eles estavam!) e, grelhados, com batata cozida, fê-los acompanhar com espargos verdes laminados e salteados com cebola e "bacon". Estavam divinais!...

Escolhi para parceiro líquido um "Herdade Grande", alentejano quase da Vidigueira, branco, da colheita de 2008 (castas: Antão Vaz, Arinto e Roupeiro). Eramos seis à mesa e foi ouro sobre azul... No final, uma sericaia que, em vez de ameixas de Elvas, casou com frutos do bosque, em calda. Nota máxima. Para conclusão, uma tabuazinha de queijos, com destaque para o "Serra" e um "Brugge vieux", acompanhados por um Dão, "Quinta das Maias", tinto, de 2000. Que, apesar da provecta idade de 10 anos, se portou com honra, brio e galhardia! Que convívio...

5 comentários:

  1. Também gosto desses peixes. Há, de que me não lembro o nome (será o Pregado?), que não sabe a nada.
    E Mário Soares não classificou nada mal Jaime Gama - peixão de águas profundíssimas.

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  2. Creio que tem razão, normalmente o Pregado é sensaborão (rima e é verdade).
    Quanto ao J. Gama, às vezes, é desconcertante - vejam-se as declarações sobre a Madeira e seu cacique, aqui há uns tempos...

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  3. De Bokassa a maravilha das maravilhas. Até me irritou.

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  4. Caro APS,

    Ficámos satisfeitos de saber que o nosso Herdade Grande Colheita Seleccionada Branco 2008 esteve à altura das expectativas.

    Já tiveram a oportunidade de provar a colheita de 2009?

    Cumprimentos,
    HG

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  5. Só agora dei pelo seu comentário, HG, que agradeço. O de 2009, efectivamente, ainda não provei. Mas de colheitas anteriores, acho que não perdi nenhuma e sempre me agradaram.

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