Século XVII : Elegia II, da Arrábida
Alta serra deserta, donde vejo
As águas do Oceano duma banda.
E doutra já salgadas as do Tejo:
Aquela saudade, que me manda
Lágrimas derramar em toda a parte,
Que fará nesta saudosa, e branda?
Daqui mais saudoso o Sol se parte;
Daqui muito mais claro, mais dourado,
Pelos montes, nascendo se reparte...
Frei Agostinho da Cruz
Século XX (196?) : Arrábida
A solidão apurada,
firme gume frente à serra
onde nascemos, e o nome
que recebemos da terra.
Alberto Soares
Século XXI (15/3/2010) : Portinho da Arrábida
Segunda-feira de (quase) Primavera. De tal modo ameno era ficar na esplanada deixando pairar o olhar pela beira-mar. Verdes e azúis até ao infinito. Atrás: a pousada explorada, nos anos sessenta, pelo irmão de Sebastião da Gama, é pertença, agora, da "Casa do Gaiato". O mar puríssimo, ainda de Inverno mas, hoje, sereno, é perturbado apenas pelas vorazes e visíveis taínhas. Não havia hipocampos à venda. Nem vestígios de Frei Agostinho da Cruz; de Sebastião da Gama, apenas um pequeno obelisco, à margem da estrada, e os meus anos juvenis já vão tão longe... Ficaram estes azúis infinitos: escuros, verde-azúis, celestes, pálidos onde o mar toca o azul claro do horizonte. Azul-arrábida...
Já por lá não passo há uns tempos. É um sítio mágico. Outro, igualmente mágico, é o Cabo Espichel. O mar, o mar...
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=tYQbZhWXRwM
Gostei muito da memória. Obrigada.
Pois é, meu caro "c. a.", a Natureza volta sempre (Sá de Miranda), a menos que o Homem a destrua- e já esteve mais longe...,o homem, mesmo que queira, só regressa virtualmente por memória, e enquanto vivo. Não sou, no entanto,saudosista. E,filosoficamente,regressamos
ResponderEliminarnesta cadeia sucessiva que é a Humanidade, até onde ela existir e continuar.
Linda evocação da Arrábida.
ResponderEliminarE bela foto.
ResponderEliminarGostei dos poemas. A Arrábida e o mosteiro é especial para mim.
ResponderEliminarsão especiais, faça-se a correcção.
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