quarta-feira, 17 de março de 2010

O leão, a águia, o galo de Barcelos, e a cabra (ou vaca de Míron)





Antes de mais, uma declaração de interesses: sempre fui mais anglófilo do que germanófilo, desde que comecei a pensar, politicamente. Em 1973, quando pela primeira vez fui a Inglaterra, um discurso de Harold Wilson, de cerca de 5/7 minutos, que vi e ouvi na BBC, convenceu-me de como em política se pode ser breve, lógico, verdadeiro e, racionalmente, conclusivo. Infelizmente, Blair com o seu virtuosismo "palhaciano" abalou-me, profundamente, nas minhas convicções pró-britânicas. Esperei muito de Brown, mas tem-me sido uma grande desilusão...
Por outro lado, Kohl ( aquela mão dada com Mittérrand, não me sai da memória!) e, agora, a Sra. Merkel, não sendo do meu quadrante político, têm-me convencido da sua "bondade" pragmática: realismo, solidariedade e razoabilidade de princípios.
Hoje, no "Público", Teresa de Sousa, jornalista que leio sempre com atenção e que, francamente, admiro a tratar as questões europeias, faz a pergunta : "O que quer a Alemanha da Europa?" No que escreve, estou em profundo desacordo, e acho que é a primeira vez em que tal acontece. Então a Alemanha é que tem de pagar os dislates, incontinência, gastos e consumo perdulários de alguns outros países europeus? Será que temos de ter sempre um "paizinho" protector e um guarda-chuva emergente e providencial para a nossa inconsciência e erros?

6 comentários:

  1. Clarificando, para melhor compreensão, este mini-zoo que pretendi simbólico:
    O leão seria a Inglaterra, a águia a Alemanha, o garnisé de Barcelos é,óbviamente, Portugal.
    A cabra seria a Grécia a quem já estão a "corrigir" os dentes...

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  2. Estava a ver o que fazia ali a cabra-dentolas...

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  3. Percebo as reservas alemãs, que até abordei no "sítio do costume" :), mas os amigos, no caso os aliados, não são para as ocasiões? A apregoada solidariedade europeia onde fica? E não nos esqueçamos que estamos todos na Zona Euro...

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  4. Para MR:
    eu bem tentei saber qual era o animal simbólico da Grécia, mas não cheguei a conseguir...parece que há vários. Mas esta cabrinha ( "dentolas", nas suas palavras- fartámo-nos de rir) era tão simpática que não resisti...Até porque o infortúnio económico grego não me deixa indiferente. São sempre os mesmos que pagam...

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  5. Para L.B.:
    a resposta às suas interrogações dava um só "post"...e longo,porque são candentes as suas interrogações.
    Vamos a ver se sintetizo o que penso e concluí
    do artigo da Teresa de Sousa, no "Público". T. de S. fundamenta o seu raciocínio em 2 pressupostos:
    1.- Os alemães devem consumir mais para ajudar as economias dos outros países europeus.
    2.- Os alemães esquecem-se de que prejudicaram a Europa pelos custos da Reunificação, com resultados muito negativos na crise que afectou a Europa, a partir de 1990.
    Respostas minhas, subjectivas, pessoais, mas muito concretas:
    1.- Os alemães são muito sensíveis a crises económico-financeiras. Têm toda a razão para o ser: República de Weimar, post-guerras....Os alemães tentam consumir, racionalmente. Fazem turismo lá dentro ( quantos portugueses conhecem Cancun, sem nunca terem ido a Trás-os Montes?),não mudam de carro, nem de telemóvel todos os anos.
    2.- A mini-crise, na Europa, foi em 1983-85- Teresa de Sousa está enganada. E a reunificação alemã está a custar, e até 2020, aos alemães 5,5% de todo o seu rendimento(salário, mais valias[ de acções, por exemplo),no seu dia a dia.
    Com muita estima,
    A.S.

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  6. Tocou o caro APS num ponto que já me tem ocupado os neurónios: também fico estupefacto com a quantidade de tugas que alçam os traseiros rumo às Cancuns e Varaderos sem nunca terem posto os pés na Madeira ou nos Açores. Perguntam-me se vale a pena e lá lhes falo das lagoas fabulosas de S.Miguel, das águas cristalinas de Porto Santo e etc.
    A questão do consumo é outra realidade abismal: trocar de telemóvel todos os anos? Mais do que uma vez por ano! Por isso é que temos uma "taxa de penetração das redes móveis" das mais elevadas do Mundo. E quem os compra não são só os ricos ou meio-ricos, basta atentar em quem está aos balcões das lojas...Por isso é que há famílias com 10 créditos diferentes!!!

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