De Patrick Modiano (1945), escritor de língua francesa, com ascendência paterna italo-judaica, recém-premiado Nobel da Literatura, para além do nome, pouco ou nada eu conhecia. Nem sequer tinha lido nenhuma obra sua.
Por curiosa coincidência, um dos últimos Le Monde (3/10/14) inclui uma recensão (Créateur d'ambiance), de Éric Chevillard, sobre um seu recente livro, Pour que tu ne te perds pas dans le Quartier, editado pela Gallimard. No jornal tinha eu, por acaso, feito alguns sublinhados nesse texto. Aqui os passo a alinhar, traduzidos:
- Para certos escritores, a unidade da medida é a frase. (...) Mas outros autores, pelo contrário, usam a frase como uma peça neutra de um puzzle. (...) Tomemos como exemplo a obra de Patrick Modiano. Os seus romances não são livros, mas aerossóis: ambiência Modiano.
- Patrick Modiano é há mais de quarenta anos uma bela figura da nossa literatura, que vive o seu sucesso com uma elegante modéstia e que persegue incontestavelmente uma indagação pelas brumas do passado.
- Segundo Modiano, a verdade dos seres e da sua história não existe senão no passado, um passado que se vai desnudando à medida em que eles se esforçam para se re-transportarem até ele.
Eu, como já disse, noutro local, li dois livros dele há muitos anos e gostei.Quando os abri há dias, nem me lembrava já das histórias.
ResponderEliminarDizem que os romances dele são autobiográficos, de modo que já mandei vir a autobiografia, intitulada Un pedigree (2005), numa homenagem a Simenon.
Penso que é uma constante, porque li outros testemunhos, em que a memória da leitura também se tinha desvanecido. Deve ser a tal "ambiência/aerossol" de que fala Chevillard.
EliminarMas também fiquei na dúvida se nesta recensão de "Le Monde" não haveria algumas frases assassinas.
Seja como for, não estou ansioso por comprar livros do Modiano: já não tenho idade para correr, frenético, atrás da moda efémera, de que são feitos os dias de hoje...