domingo, 12 de outubro de 2014

Montale, em prosa


É, talvez, um livro um pouco estranho, este em imagem de capa, mesmo para quem conheça alguma da poesia do italiano Eugenio Montale (1896-1981). De quem alguns diziam que tinha uma obra hermética, até que a Academia Sueca, em 1975, não pensando assim, lhe atribuiu o Nobel da Literatura.
O registo desta prosa está contagiado de algum surrealismo e de um irónico absurdo de situações, em muitos destes 15 contos, que, pelo menos, nos faz sorrir na leitura. Desengane-se o putativo leitor que pense, pelo título, que se trata de um livro de viagens e paisagens, no sentido clássico. Elas são apenas o motivo secundário, porque a atmosfera e os factos são outros, que não de vilegiatura.
Esta tradução de 2002, feita a partir do francês (creio), por Antonella Nigra, para a Ambar (Porto), permitiu-me também travar conhecimento com a palavra portuguesa cunículo, na página 31, que eu não conhecia de todo, nem de nada.
Depois de muito procurar, fui encontrar o significado do vocábulo, no Dicionário de Morais (pg. 761): "Passagem subterrânea. Escavação extensa e profunda."
Um destaque especial para a capa bem sucedida deste livrinho, devida a Patrícia Proença.

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