quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Osmose (50)


"Quando aqui chego", disse-me ele, "azul em frente, verde e azul à esquerda, sinto-me em férias, à beira-mar. Retouço, adorno, relaxo, hibernante como um camaleão, na mata de Monte Gordo. Quase feliz, na suprema glória da sonolência animal..."
(Em abono da verdade, este meu amigo, pelo lado materno, descende de um poeta algarvio, que teve algum nome, na sua época. Sonetava, prolixo, mas hoje quase ninguém o conhece.)
Depois, perguntou-me, num sorriso benevolente e superior:
"Sabes o que é um rascasso?"
Eu não sabia, mas a caldeirada estava excelente, e muito bem apaladada.


2 comentários: