sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Fellini sobre Paris


Paris tem, sobre mim, o efeito de um cenário de teatro. Tudo já foi cantado, enquadrado, seleccionado, apresentado.
Acho que certos monumentos de Paris têm um carácter bastante fúnebre. Para o meu filme Os Palhaços (que descreve a morte dos palhaços) eu tinha necessidade de um ambiente funéreo. Pensei que a Gare d'Orsay, o gradeamento da entrada do Parque Monceau, a Ponte Alexandre III, uma esquina da rua Turbigo se adaptavam bem ao meu propósito. Eu imagino esses lugares desertos ou simplesmente povoados por alguns porteiros rabugentos.
Eu não poderia habitar nem o Quartier Latin nem o Marais, demasiado pitorescos. Se fosse obrigado a viver em Paris, gostaria de ter uma casa sobre Pond-Point dos Campos Elíseos: lá, pelo menos, estaria ao abrigo do folclore.

Federico Fellini (1920-1993).

2 comentários:

  1. A primeira vez que fui a Paris, não apreciei muito a cidade e detestei os franceses e os parisienses em especial.
    Gosto de Paris porque tem sempre imensas exposições para ver, o parisienses são simpáticos (nada como já não ser o centro do mundo) e a cidade é-me familiar porque a cultura francesa é-me mais próxima.
    Quanto a viver: a primeira vez que fui a Paris adorei a Place des Vosges, mas há uns anos descobri a (petite) Place Furstenberg...
    Mas a primeira vez que fui a Roma tb não gostei da cidade. Mas gostei dos italianos.

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    1. Imaginei que viria defender a sua "dama"..:-)
      Embora não comungue da opinião de Fellini, apesar de, teoricamente, ele ter alguma razão sobre o "folclore", eu próprio não tenho recordações inolvidáveis sobre Paris. Nem a incluiria nas minhas preferidas cidades europeias. Se viesse em décimo lugar, seria muito.

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