sábado, 11 de outubro de 2014

No prosseguimento da leitura


A continuada leitura de "Guerra e Paz", de L. Tolstoi, levou-me a fortificar algumas convicções anteriormente pressentidas. Antes de mais, e como boa parte dos romances do século XIX, a obra foca uma sociedade ociosa, ou que vive dos seus rendimentos fundiários. E cujas ocupações são apenas os bailes, as roupas, as viagens, as caçadas, os amores e a guerra. As referências a profissões mecânicas, ou a trabalhos agrícolas, são mínimas.
Do ponto de vista formal, a tradução de José Marinho parece-me boa, ou em bom português, pelo menos, mas a revisão, destes livros da Inquérito, foi extremamente desleixada - há inúmeras gralhas ao longo dos volumes. Por outro lado, a exiguidade de notas, ou quase total ausência delas (fossem elas de pé de página ou finais), parece-me um factor muito negativo. Se, hoje, alguns mistérios podem ser resolvidos, em 1957 - quando a obra saiu - o seu esclarecimento seria problemático. Refiro-me a termos russos, em itálico, que vão desde utensílios domésticos ou alfaias, danças típicas eslavas, até nomes de roupas...
Já aqui falei e clarifiquei (18/8/2014) o que era "Danielo Cooper" que, após alguma pesquisa consegui identificar como uma dança muito em voga, na sociedade russa da época. Desta vez, e mais recentemente, assim li na página 113, do II volume:
"Mitka afinou a balalaika e começou a Barínia num tom alegre e vivo."
Nota do tradutor ou editor, sobre o que fosse barínia, não há...Que imaginasse o leitor o que seria. O recurso à net e ao Youtube veio a permitir-me saber que se tratava de uma dança folclórica russa, que aqui fica exemplificada, numa versão actual:

2 comentários:

  1. Gostei de conhecer a barinia.
    O que mais gosto em Tolstoi é o modo como ele retrata essa sociedade e, principalmente, a sua alma, tanto neste livro como em Ana Karenina.

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    1. A literatura russa não é o meu forte, li foi muitos contos: densos, pesados, impressivos.
      Com calma, e se a vida der, vou tentar chegar à fala com a "Ana Karenina", porque só vi o filme...

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