Falei aqui, algumas vezes, de argueiros e araújos, a propósito de uma visita importuna e indesejável, que vem ao Arpose. Referi, por exemplo, que araújo é um argueiro no olho - incómodo, portanto. Mas, há dias, vim a descobrir mais algumas coisa sobre este vocábulo.
O seu uso é antigo, porque já na "Aulegrafia" (1619), Jorge Ferreira de Vasconcelos refere: "...não sofrer argueiro nas orelhas...", no equivalente a pulga, decerto. Carolina Michaelis comparou-o, por sua vez, ao ácaro (daí a imagem). João Ribeiro (Frases Feitas, 1908) explica que argueiro é "qualquer partícula ínfima e levíssima das que andam no ar".
Por sua vez, no Rifoneiro português, embora com significado um pouco distinto, existe o provérbio: "Fazer de um argueiro um cavaleiro". E, mais uma vez, para me justificar e comprovar a sua antiguidade, cite-se do "Cancioneiro Geral" (1516) de Garcia de Resende:
Pode ser maior marteiro
Se no ombro cai argueiro
Que não se há-de espenicar?
E, já que estamos em verso, para terminar, registe-se da "Hora do Recreio", de J. Baptista de Castro:
Quem case não case às cegas,
Mas seja sagaz e astuto,
Argos em vez de argueiros
E nos lances lince agudo.
Por hoje, de araújos e argueiros, é tudo.
É preciso ir "marcando" o bicho..:))
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