domingo, 10 de julho de 2011

Forças centrífugas e forças centrípetas


O Sudão dividiu, finalmente, as suas "águas": o Sul, cristão, animista e com petróleo, dividiu-se do Norte islamita. A Independência foi celebrada ontem. Cabinda (e com amplas razões históricas e a que Portugal faltou, em compromisso) continua a reinvindicar a sua independência e a ser um "mosquito" a picar, irritante, o cleptocrata "elefante" angolano. Há também a Casamance, e tantos outros territórios africanos a desejar a autonomia. Nem todos terão petróleo, como no caso do Biafra, com a sua guerra nos anos 60, ou o Katanga, dos diamantes e ricas minas. Em África, tirando as ilhas, as fronteiras (?) foram criadas, quase sempre artificialmente, pelos colonizadores no séc. XIX, sobretudo tendo em vista os seus interesses, e não as etnias e tradições geográficas e históricas locais. Por isso não me admiram as lutas tribais e os actuais ajustamentos territoriais.
Mas também a Europa, ainda recentemente, andou em guerra nos Balcãs, pela autonomia regional e redefinição fronteiriça (ex-Jugoslávia). Para não falar na constante ameaça de cisão na Bélgica, com a separação entre Valónia e Flandres. O Chipre dividido, a Irlanda, a Catalunha e as suas reinvindicações separatistas. E a Córsega, em relação à França. Ou a Escócia, em relação ao Reino Unido... Neste panorama, Portugal, com as suas fronteiras centenárias e sem separatismos (exceptuando o Sr. Jardim), é um oásis de unidade. E, na Europa, ia-me esquecendo da cisão da Checoslováquia (entre a Eslováquia e a República Checa). Por excepção europeia, a reunificação alemã, apenas, e em sentido contrário.
No meio destas aspirações (motivadas por interesses muito variados) de separação, independência e autonomia, todos os países europeus se querem integrar na UE (União Europeia), talvez interessados nos eventuais benefícios decorrentes. Ilusões que a actual crise tem desmentido de forma objectiva, pelo menos tendo em conta a solidariedade que temos observado, em relação aos países mais frágeis. Mas as forças centrípetas e centrífugas continuam a coexistir, aparentemente, de forma quase absurda. Mundo às avessas?

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