sábado, 16 de fevereiro de 2013

Saia um Fausto, porque isto voltou ao mesmo...


... e "Grândola", do José Afonso, já a cantaram, ontem, na AR.

Ainda a zoologia


Eu estava para não falar disto, mas como o Arpose hoje está muito para o zoológico e como não há duas sem três, agucemos a pena:
então não é que um ex-agente da cultura, que andou a mamar na teta da porca, mais de um ano, agora que saiu, começou a vituperar a dita mãe leiteira, escatológicamente? Ingrato!
(Eu até o percebo: precisava que falassem nele e, por isso, arranjou um sound bite a roçar o fescenino, para, de novo, aparecer nos jornais. Mas há que não esquecer o nulo-negativo trabalho mercenário a que emprestou o nome, denegrindo a Cultura.)

Canibalismo, ou comic relief ?


Venha o diabo e escolha (o título deste poste)...
Mas as agências de ratos (rating agencies) já se começaram a comer umas às outras. A notícia é de ontem, mas o DN refere, hoje: "Moody's corta rating da Standard & Poor's". Que lhes faça bom proveito!

O araújo sulista ataca novamente


Desta vez veio pela calada da noite, o araújo.
Entre a insónia (talvez) e a falta de inspiração para o seu blogue, chegou, ao Arpose, à 1 hora, 43 minutos e 26 segundos, e só o largou às 2h58. Andava à procura dum tal "humberto luis rosado cabral da silveira", mas o Google trocou-lhe as voltas e mandou-o para um poste sobre o Umberto Eco (3/11/10). Aí ficou fascinado com uma imagem do Pinóquio - não deve ter tido uma infância feliz, o araújo, porque ainda fica encantado com bonecos... A seguir, passou a estudar gravemente um poste sobre "Intervenção ou neutralidade" dos intelectuais (7/2/13), com uma transcrição muito interessante de Alfredo Barroso.
Sugou, sugou e, depois, pelas 3 da manhã deve ter ido "vampirizar" para outro lado...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Michael Praetorius (1571-1621)

Filatelia LIX : temática cavalos


O poste de HMJ, sobre os negócios sujos do comércio da carne para consumo alimentar, leva-me a que, por associação coloque, em seguida, e nesta rubrica, a temática cavalos - animais de que gosto, por vários motivos, nomeadamente, os estéticos.
Escolhi selos de dois dos países envolvidos: a Roménia e a Alemanha. Ficou de fora a Holanda, donde é natural o escroque, e a Bélgica onde reside (Antuérpia). Muito embora os dois países também tenham selos com o motivo - cavalos.
Em imagem, a primeira série, da Roménia, emitida em 1970. A segunda emissão, composta por 4 selos, da ex-RFA (Alemanha), que entraram em circulação a 6 de Fevereiro de 1969. Muito diferentes, entre si, são duas séries que considero muito bonitas.

Da Janela do Aposento 26: O negócio alimentar



Nos últimos dois ou três anos, o meu universo relativamente inocente de consumidora foi invadido por médios e grandes ladrões até chegar aos "mafiosos" em epígrafe. Não fossem os artigos esclarecedores de um Jean Ziegler, ou umas atitudes condenáveis do nosso caseiro Soares dos Santos, manter-se-ia, porventura, a minha ignorância quanto à dimensão do negócio alimentar. 
No entanto, com a recente divulgação sobre o negócio da carne equina, o consumidor ficará mais esclarecido, ou desarmado, perante as práticas das grandes "cadeias" de distribuição. Mas vamos ao negócio da carne de cavalo que a imagem ilustra bem, mesmo com legenda em alemão.


Tendo como base de negócio a ilha de Chipre - já não é bom agoiro. Depois, o holandês Jan Fasen, na foto acima, parece que já ganhou 3,8 biliões de euros, embora sem deixar rasto da fortuna através de esconderijos virtuais, onde costumam parar dinheiros pouco limpos. Um francês, que transformou a dita carne em picado, terá ficado com qualquer coisa como 500 mil euros em poucos meses, porque a carne de cavalo custa, segundo informações recolhidas, 20 % da carne de vaca. 
Com tanto negócio rentável, também se compreendem os investimentos que o DEUTSCHE BANK mantém no ramo alimentar, apesar das fortes críticas de ambientalistas e verdes na Alemanha. 
No entanto, o que mais me preocupou foi o facto de 85 % do negócio, i.e., das vendas de produtos alimentares se concentrar, na Alemanha, nas mãos de 4 cadeias, entre elas Aldi e Lidl que também existem por cá. São elas, portanto, verdadeiras "amarras" para o consumidor, anulando, lentamente, a nossa possibilidade de opção de compra de bens essenciais, por outras vias, e estragando a colorida paisagem, ainda existente, do comércio tradicional.
Perante tudo isto, reforçou-se, obviamente, a minha atitude de comprar no mercado os frescos, nas mercearias o restante, evitando ao máximo as "grandes superfícies" ou "templos, foruns de consumo".
Em defesa das Teresas, Leonores, ou até Tiagos, de que tanto gosto e que permitem, sabe-se lá até quando, manter a minha liberdade de escolha.

Post de HMJ, dedicado à amiga vegetariana

A par e passo 29


LX
Bruscas mudanças de uma mesma coisa

Há por vezes estranhas, e bruscas interrupções de uma ideia, lembrança, um canto de móvel. De repente julgamos ver pela primeira vez, aquilo que já vimos mil vezes; apercebemo-nos da chegada à maturidade, - a puberdade - duma impressão.
Uma ideia parece pela sua força mais do que real; e entretanto tinhamos pensado nisso, e até intimamente, com vagar, mesmo com atento cuidado; - mas desta vez, ela é como que tangível. Este rosto fixa-me. Ao mesmo tempo, acontece que se compreende muito tempo depois, alguma coisa: uma intenção, um texto, uma pessoa, - em si mesma. - Compreendemos a intenção  de um olhar que nos foi dirigido há vinte anos por alguém que, entretanto, desapareceu: e o sentido de uma frase; e a beleza dum verso que sabemos de cor desde a infância.

Paul Valéry, in Tel Quel II (pg. 202).

Nota pessoal: não posso deixar de pensar, e dizê-lo aqui, que este é o tema matricial do romance "Mudança", de Vergílio Ferreira.

Um poema de Fernando Guimarães (1928)


A água está imóvel. Sabemos que todos os dias espera
pela sede, mas aquela que nunca pertenceu
a nenhum de nós. A água ficou aí reflectida. Desce
pelo seu interior, procura devagar uma folha
que se tornou mais pesada. Um rumor atravessa-a
e nós escutamos como numa árvore se reunem as vozes
altas que procuram finalmente o que foi sentido
de um último desejo, quando a água em si mesma fica saciada.

Fernando Guimarães, in Lição de Trevas (2002).

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

La Grande Sophie (Sophie Huriaux) : "Je ne changerais jamais"

Os feirantes no coração de Lisboa (ibidem)


Anote-se, para que conste, uma subida de tom, no Chiado, por parte dos feirantes. Hoje, na "serenata" ao ministro Álvaro, os feirantes trouxeram vuvuzelas - creio que foi a primeira vez. E as músicas são muito mais "reboladas"...Talvez por ser dia de S. Valentim. Como dizem os franceses: "ce n'est pas amour, c'est rage!"

Para sublinhar o dia...


...e para que se não diga que sou insensível à data...

Citações CXXII


Em Espanha, afirmou um dia Octavio de Romeu, aquilo que podemos fazer de mais revolucionário, é ter bom gosto.

Eugenio d'Ors (1882-1954).

Jantar com Degas


Já aqui transcrevi algumas palavras de Valéry sobre a ternura muito especial do seu amigo e pintor Edgar Degas, com quem ele privou de perto. Algumas vezes jantaram os dois, em casa do Artista, com a presença discreta, até certo ponto, da governanta Zoé. É esse apontamento curioso que passo a traduzir:
"...Neste apartamento do segundo andar encontrava-se uma sala de jantar onde eu comi bem tristemente muitas vezes.
Degas temia a prisão de ventre e a inflamação intestinal. A vitela demasiado ao natural e o macarrão cozido em água límpida muito lentamente, que nos servia a velha Zoé, era duma rigorosa insipidez. Era necessário comer em seguida um tipo de geleia de laranjas de Dundee que eu não suportava, mas que acabei por aceitar e que, julgo, já não detesto agora, por causa da recordação. Se acontece eu saborear, presentemente, este puré entremeado por pequenas tirinhas cor de cenoura, parece que me reencontro de novo sentado em frente de um velho homem terrivelmente solitário, entregue a lúgubres reflexões, privado, pelo estado dos seus olhos, do trabalho que foi toda a sua vida. Ele oferece-me um cigarro, tão duro como um lápis, que eu faço rolar entre as palmas das minhas mãos para o tornar fumável; e este movimento, de cada vez, mais o interessa. Zoé traz o café, apoia o seu grande ventre na mesa, e conversa; ela fala muito bem; parece que foi preceptora: os enormes óculos redondos que traz dão um ar sábio ao seu rosto largo, honesto e sempre sério. ..."

Paul Valéry, in Degas Danse Dessin (pgs. 50/51).

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Interlúdio 26

Para quem goste de canários e de violinos ciganos...

As frivolidades do nosso tempo


A 10 de Maio de 2010, coloquei aqui no Blogue um poste sobre a ardente expectativa de muitas almas curiosas de saber quem seriam os jogadores escolhidos, por Carlos Queiroz, para defrontar a selecção de futebol da África do Sul. O frenesi era tanto que os três canais generalistas de televisão, em Portugal, abriram o seu telejornal da noite, nesse dia, com esse mesmo e igual tema. E eu lamentava-me de, nessa altura, ninguém se incomodar com a desmesura destas paixões fátuas dos três efes (Futebol, Fátima, Fado) que, no tempo de Salazar, tanto se criticavam. Porque a intensidade e fervor, entretanto, tinham aumentado de forma muito considerável - nada que se comparasse aos tempos da "velha senhora". Mas até parecia que ninguém dava por isso...
Ao poste, dei o título: "Os «papabiles»". Houve algumas visitas, mas o poste adormeceu e raramente alguém lá ia, até ontem. Porque o poste, a partir do anúncio da resignação de Bento XVI, começou a ser um best-seller, visitadíssimo. Claro que os cibernautas, sedentos de emoções e novidades, vieram ao engano. No poste não havia nomes de um qualquer cardeal africano ou sul-americano, para lhes poder alimentar a fantasia e entreter o vazio mental. E, mesmo que houvesse, em que é que poderia contribuir para a felicidade dessas frívolas cabecitas? Demos o benefício da dúvida: e se as visitas fossem dessas agências de apostas britânicas que já recebem boletins de rifa para um sorteio final do nome do sucessor de Bento XVI? Talvez quisessem saber como estavam os prognósticos...
Como se dizia dantes, no final das Actualidades Francesas: "Assim vai o mundo!"

Prioridades


A cena clássica de prioridades, em ficção e para mim, é a disputa entre o gigantesco Little John e Robin Hood, na travessia de uma ponte de madeira. Discutiram a prioridade à paulada, foram os dois à água, mas por aí começou uma fiel e grande amizade, orientada contra a ditadura do King John e do xerife de Sherwood ou de Nottingham. O que se pode chamar um nobre objectivo, apesar do mesquinho início.

Ora, em Portugal, estes dissídios sobre prioridades, muitas vezes, também acabavam à pancada e, o vencedor ganhava direito a atravessar primeiro, mesmo que contuso. O que eu não sabia e o meu Amigo AVP, gentil e oportunamente, me deu a conhecer, foi que, para dirimir e evitar estas escaramuças, avisadamente, o nosso rei D. Pedro II (1648-1706), mandou colocar um aviso de trânsito, em 1686, na rua do Salvador, em Alfama - que, ainda hoje, se pode ver. Definindo, com força de lei, o regime de prioridades das seges e carruagens. Um caso notável de pioneirismo e clarividência régia...

com grato reconhecimento a AVP.

Prémio de Tradução


Não fora o TLS (nº 5731), que, por cá, não vi nenhuma notícia, e desconheceria ainda hoje que, na Inglaterra, havia um prémio anual para traduções de obras de língua portuguesa. E também há para obras espanholas, de língua árabe, do grego, do italiano e de língua alemã, traduzidas para a língua de Shakespeare. Todas elas participadas e promovidas por The Society of Authors, em parceria com outras instituições. No caso vertente do português, o galardão intitula-se The Calouste Gulbenkian Prize e, como o próprio nome sugere, tem o patrocínio da Fundação homónima.
O prémio de 2012, no valor de 3.000 libras, foi atribuido a Margaret Jull Costa, pela sua versão para inglês (The Word Tree) do romance "A Árvore das Palavras" (editado em 1996, em Portugal), de Teolinda Gersão, e que foi publicado, na Inglaterra, em 2012. Aqui fica a notícia.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Beethoven : Sonatina

E. M. Cioran, uma vez mais


O verdadeiro escritor escreve sobre os seres, as coisas e os acontecimentos, ele não escreve sobre o escrever, serve-se de palavras mas não se demora nelas, nem faz delas objecto de ruminação. Ele será tudo, menos um anatomista do Verbo. A dissecação da linguagem é a mania daqueles que, não tendo nada a dizer, se confinam ao dizer.

E. M. Cioran, in Ébauches de vertige (pg. 45).

Nota: um agradecimento muito especial a A. E., que me desencantou este precioso documento de Cioran.

Sobre a Justiça portuguesa


"..., porque a Justiça portuguesa está refém de uma cultura de formalidades que ignora a substância e protege os «truques» processuais. Que isso possa suceder perante a passividade da comunidade jurídica, das elites e da opinião pública ilustra o estado a que chegámos."

Ricardo Sá Fernandes (Advogado), no jornal Público de hoje.

Flaubertiana : letra S (2)


Segue-se, hoje, a minha selecção das últimas palavras iniciadas por S, da obra de Flaubert, que tenho vindo a seguir, e partilhar aqui no Blogue. Aí vão:

Sino de Aldeia - faz bater o coração.
Soltar - soltam-se os cães e as ruins paixões.
Solteirões - todos egoistas e debochados. Deveriam pagar um imposto. Preparam para si uma triste velhice.
Soluço - para fazer parar os soluços não há como uma chave nas costas ou um susto.
Subúrbios - terríveis durante as revoluções.
Sul (cozinha do) - sempre condimentada com alho. Bradar contra.
Suspiro - deve exalar-se perto de uma mulher.

Anarco-parvas e carnavalescas


O futuro pesa como chumbo, mesmo nestes dias de folguedos carnavalescos. Por isso mesmo, há que aproveitar o mais pequeno resquício de micro-humor, para se criar uma pequena base de boa disposição, neste dia em que até o tempo se conjugou para prejudicar os desfiles, por essas terrinhas portuguesas. Mas a sorte bafejou-me logo pela manhã. À beira de uma loja Staples, aonde fui, dei de caras com este soberbo nome de uma funerária outrabandista: "Pétalas de Saudade" - criativos e líricos, estes gatos-pingados!
Depois, trazia de outiva as mais recentes patacoadas cibernéticas que chegaram ao Blogue, com as consequentes parvoíces dos encaminhamentos googlescos ( ou grotescos). Como se seguem:
- search words: "letra vinheta: são paulo «josé domingos»"; e o Google, na sua infinita sabedoria, indica o poste "Heinrich Biber, a propósito", de 11/5/10.
- outro cibernauta escreveu, convicto: "yuri bastos cardeal lima empinando", e o motor de busca mandou-o para o Jardim da Cordoaria, no Porto, de que falei, aqui no Blogue, em 23/4/12.
- finalmente e, decerto, um cibernauta gastrónomo lançou: "perdizes virginia quando põe ovos"; solicitamente, indicaram-lhe o poste - "Adagiário CIII : Pão", de 16/10/12. Magra refeição...
Bom Carnaval, a todos!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Clannad : "Strange Land"


Fevereiro de 63


Ao que parece, o Inverno inglês de 1963 foi gélido e agreste. Como agrestes são, ou tensos, pelo menos, muitos dos versos de Sylvia Plath (1932-1963). Na madrugada de 11 de Fevereiro, cerca de cinco meses depois de se ter separado de Ted Hughes, Sylvia, depois de ter calafetado minuciosamente a cozinha, deixando o casal dos filhos a salvo, abriu o gás do forno do fogão e suicidou-se.
O poema Frog Autumn, que vou traduzir, foi escrito em 1958.

O verão envelhece, a mãe de sangue frio.
Os insectos são escassos, descarnados.
Nestas casas palustres nós somente
Grasnamos e vamos mirrando.

Gasta-se a manhã na sonolência.
O sol começa a brilhar já tarde
Por entre os juncos frágeis. Faltam-nos
As moscas e o pântano adoece.

A geada cai até sobre a aranha. Claramente
O génio da plenitude abriga-se
Muito longe daqui. O nosso povo
Escanzelado lamentavelmente.

Por várias razões


Tirando João XXIII, que é o papa da "minha vida", eu que sou, intimamente, um exilado do catolicismo, sempre gostei de Bento XVI. Ao contrário do seu antecessor, que sempre puxou ao populismo, ao emocional, com aspectos finais - há que dizê-lo - quase grotescos, Bento XVI, embora talvez mais conservador, sempre nos levou a pensar e manteve, quotidianamente, uma postura de dignidade, racionalidade e justiça, ao reflectir sobre o nosso tempo.
Não sei, conscientemente, se o anúncio da sua resignação me surprende, até porque é uma rara decisão na chefia da Igreja de Roma. A falta de forças, para a exigência do cargo, terá sido uma das razões para o seu abandono de funções, a 28/2/13. Esta humildade quadra bem com o sucessor moderno de Pedro e reforça a extrema qualidade espiritual do percurso de um homem religioso. Que eu muito respeito.

Da Janela do Aposento 25: Livros, Livreiros e Editores


O assunto em epígrafe tem sido matéria de muitas conversas com amigos, olhando não só para o panorama nacional como em comparações com o Centro da Europa, nomeadamente a Alemanha. Quanto aos últimos, torna-se difícil, ao leitor, acompanhar as "concentrações do capital", que actua na penumbra, dificultando uma visão clara sobre a passagem de algumas editoras, nossas referências no passado, para mãos duvidosas. O livro, como produto genuíno, pouco lhes interessa, o que se vem notando pelo miserável grafismo das capas, os misérrimos títulos e conteúdos publicados, vendidos a peso em "templos de papel". Por cá, nas FNAC's, Bertrand's e quejandos e lá, sobretudo em Colónia, nas Thalia's, Meyersche, etc.
Livreiros são outra espécie em extinção. Cá, resta-nos um livreira "outrabandista", com o devido respeito, porque ela mantém a sua Livraria Escriba como antigamente. Uma verdadeira gruta de Ali-babá, num espaço pequeno. Em Colónia resiste um, Senhor do Livro, que dá pelo nome de Klaus Bittner.


Recentemente, voltei a entrar na sua livraria, apreciando as novidades e o bom gosto dos livros à venda, captando as sapientes apreciações do livreiro no aconselhamento aos clientes que o solicitem. Também foi lá que comprei o último livro de Cees Nooteboom, Cartas a Poseidon [em tradução portuguesa].


O livro de Nooteboom, feito de observações e reflexões a partir e sobre um quotidiano pessoal, resulta um pouco desigual no apelo à leitura dos seus apontamentos breves. O que surpreende é a sua ligação ao universo mitológico da antiga Grécia, como o título sugere, demonstrando a sólida formação clássica do autor.  


E o que continuo a apreciar é o gosto estético dos livros da editora Suhrkamp, receando pelo seu futuro com negócios nebulosos e desavenças dos seus accionistas e herdeiros.

Post de HMJ

Marc-Antoine Charpentier (1643-1704)


Pequena história (18)


Nascido a 11 de Fevereiro de 1920, o rei Faruk, após 16 anos de reinado, foi destronado por um golpe de estado, em 1952, encabeçado pelo coronel Nasser. Foi o último rei do Egipto e veio a morrer, em Roma, no ano de 1965.
É-lhe atribuído um dito que, se não abona os seus dons divinatórios, pelo menos, espelha o seu sentido de humor. Conta-se que, já no exílio, terá dito, em conversa, que, dentro de poucos anos, só haveria 5 reis, no mundo. E, quando lhe perguntaram quais, terá começado a enumerá-los: "O rei de copas, o de espadas, o rei de ouros, o de paus e a rainha de Inglaterra!"

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Humildemente, como se fosse em confissão


Confesso que fico siderado e atónito, quando verifico, às vezes, que algumas das visitas ao nosso Blogue, conseguem ver 5, 6 ou mais postes no tempo recorde de 10/15 segundos. Serão ubíquas, superdotadas? Fico, até, com alguns complexos de inferioridade.
Procurando ser honesto e objectivo, sou seguidor fiel de apenas 8 blogues, embora visite, quase diariamente, mais 2, quando o tempo mo permite. E se aumentei, muito recentemente, o acompanhamento de 6 para 8, foi porque duas Amigas (a Nicolina e a Ana Eurídice) são extremamente bissextas a postar, e quase desactivaram os seus blogues. Por isso acrescentei a Isabel e a Catarina, que têm blogues bonitos, escrevem muito bem e trazem ao meu conhecimento, sempre, coisas simples, curiosas e dignas de admiração. Aqui lhes agradeço, cordialmente.
Finalmente, por razões diversas e de idade, chego à conclusão de que a minha gíria é de outro século. Muito do vocabulário que enxameia, hoje, os linquidins e os feicebuques, não o percebo e parece-me, muitas vezes, inapropriado. Sobre arrumos de cabeça e linguagem, sigo Steiner que disse, sobre isso, coisas sábias. E para sempre. 
Por outro lado, conhecendo-me a mim próprio de há muito, sei que, infelizmente, não tenho o dom divino da ubiquidade. "O pouco basta e o muito se gasta" - diz o povo. E eu concordo, inteiramente.