quarta-feira, 24 de agosto de 2016

2 poemas de Mariana Finochietto (Argentina, 24/1/1971), traduzidos


Por uma vez
ou outra,
eu nomeio
as coisas
como a dar-lhes
alma.

As cadeiras,
as janelas,
a sombra difusa
do salgueiro
existem
porque as digo.

Às vezes
as coisas
recusam-se
a entrar
no jogo.

E eu pareço
um deus
confuso
e abandonado
a um punhado
de palavras vãs.

...
...

Por alturas de uma certa
idade, nós, mulheres
caminhamos pela margem
do sarcasmo
com um equilíbrio
natural.

Com a cortante
sabedoria
da linguagem
mantemos a distância
exacta,
imprescindível.

Já o sabemos,
há que proteger
o coração
e apenas temos
esta sólida
parede
feita de palavras
e de lágrimas.
 


Mariana Finochietto, in Cuadernos de la breve ceguera (2015).

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