ou outra,
eu nomeio
as coisas
como a dar-lhes
alma.
As cadeiras,
as janelas,
a sombra difusa
do salgueiro
existem
porque as digo.
Às vezes
as coisas
recusam-se
a entrar
no jogo.
E eu pareço
um deus
confuso
e abandonado
a um punhado
de palavras vãs.
...
...
Por alturas de uma certa
idade, nós, mulheres
caminhamos pela margem
do sarcasmo
com um equilíbrio
natural.
Com a cortante
sabedoria
da linguagem
mantemos a distância
exacta,
imprescindível.
Já o sabemos,
há que proteger
o coração
e apenas temos
esta sólida
parede
feita de palavras
e de lágrimas.
Mariana Finochietto, in Cuadernos de la breve ceguera (2015).
Sem comentários:
Enviar um comentário