quarta-feira, 3 de agosto de 2016

De Eugenio Montale (1896-1981)


Depois da chuva

Sobre a areia molhada aparecem ideogramas
como sinais de pássaros. Olho para trás
mas não distingo ninhos, nem abrigos de aves.
Por certo que terá passado um pato, já cansado, talvez coxo.
Mas eu não saberia decifrar essa linguagem
nem que fosse chinês. E bastará um sopro 
de vento para apagá-la. Não é de todo seguro
que a Natureza seja muda. Fala sim, sem tom nem som
e a única esperança é que não se ocupe
por demais de nós.

6 comentários:

  1. Muito belo este poema. A natureza não é nada muda, nem quando a contemplamos, nem quando nos faz alertas.

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    1. Montale dava uma atenção muito especial à Natureza..:-)
      Bom dia!

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  2. Também fui seduzida pelas referências poéticas
    à natureza. Recordei as marcas e os gritos das gaivotas na
    areia ao fim da tarde. Das pequenas coisas na natureza,
    podemos tirar prazer.

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    1. O poema de Montale é, realmente, muito sugestivo..:-)

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