quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Apontamento 86: Passeios por Lisboa




Com o bilhete dos transportes públicos carregado, dá-me, por vezes, vontade de apanhar um autocarro e cirandar pela cidade. Não gosto muito do Metro, porque não se vê nada da cidade.

Ontem foi o dia em que escolhi a carreira de propósito, o 759, se não me engano. Ia do Terreiro do Paço até à estação Oriente, passando por toda a zona oriental que mal conheço.

A primeira parte do percurso tornou-se um pouco cansativa, com uma serigaita – julgando-se senhora – a animar com voz alta todo o autocarro. Confesso que dispenso este tipo de banhos de realidade, com criaturas em idade escolar sem qualquer verniz civilizado. Há muito que não experimentava essa desagradável sensação da inutilidade do esforço de educação, e fiquei incomodada.

Passando Xabregas e Chelas, o ambiente no autocarro sossegou. A partir daí deu para olhar pelo Bairro da Encarnação, a pensar numa velha amiga, e tentar descobrir qual a parte antiga dos Olivais. Eis-me chegado à estação Oriente. Uma nova cidade dentro da cidade, sem dúvida.

Não fosse a primeira passagem pelos “bairros do chinelo”, daria o tempo por bem empregue. Assim, ficou-me a velha azia de um ambiente escolar desgastante sem grandes contributos educacionais.

Hoje, pela força da publicidade de J. Avillez, lá fui espreitar o novo espaço, sobretudo para saber o que a mercearia vendia. Ficou-me a impressão de o fotógrafo ter conseguido aumentar imenso o espaço nas imagens publicadas em jornais. A mercearia não merece o nome e, sobretudo, não se aconselha pelos preços exorbitantes. Um pacote de chá custa lá mais 2.00 euros do que 100 m abaixo, numa loja de cafés.

Mas, lá estava muita gente a experimentar “a novidade”.



Ora eu tinha escolhido o velho “1º de Maio”, quase vazio, para almoçar, e ainda bem. Pela comida e pelo sossego.

Post de HMJ

10 comentários:

  1. O percurso do 759 deve ser o mais longo dentro de Lisboa.
    Dá para ficar com uma ideia da zona oriental, que são apenas
    prédios. Mas o mais interessante (ou não),são as pessoas que
    entram e saem durante o percurso. Na minha opinião têm alguns
    comportamentos um pouco diferente de outras carreiras.
    Gosto de observar e de vez em quando viajo com esse propósito.
    E também um pouco para me distrair.
    Já visitei a R. das Chagas e é um sítio sossegado, apetecendo
    até entrar na Igreja que me parece estar quase sempre fechada.
    Agradeço a sugestão. Foi uma boa ideia para fugir à balburdia
    do Chiado e Baixa.
    Boa noite.

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  2. Para Maria Franco,
    também gosto de observar as pessoas que vivem nos diversos sítios por onde passo de autocarro. Infelizmente, ainda me incomoda muito a falta de educação e a quase ausência, em pessoas de todas as classes, da noção de distinguir entre espaço público e privado. O próximo passeio será para conhecer a zona de Penha de França e descobrir lá um Miradouro que avistei, noutro dia, do meu passeio pela Almirante Reis e zona da Praça do Chile.

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  3. Eu ando pouco de autocarro e elétrico. No outro dia fui ao Campo Santana no (parece-me que) 769, ao fim da tarde: nada de inusitado. O mesmo não costuma acontecer quando vou a Belém, seja de autocarro ou elétrico. As pessoas que entrem e saem, fora os turistas e um ou estranho como eu, conhecem-se todas (desse trajeto) e põem a conversa em dia de uns bancos para os outros, sobre si próprias e sobre os outros.
    Como diz uma amiga minha que usa muito essas carreiras, ali é que se conhecem os lisboetas.
    No Metro lá aparece um ou outro cromo, mas é diferente.

    Há muito que não vou ao 1.º de Maio.

    Boas viagens!

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  4. Para MR:
    Pois, há uma carreira, que uso com alguma frequência para ir à Biblioteca da Ajuda, o 760, se não me engano, que permite conhecer bem os que la vivem por perto, na chamada Boa Hora. Noutro dia comemos lá, e bem, numa tasca de bairro. Em frente há um supermercado com óptimos petiscos e comida feita para levar para casa. E, por enquanto, ainda é zona livre de turistas "das cavernas".

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    1. Tenho uma minha amiga vive por aí. E sei a que mini-super se refere, onde ela se abastece por vezes. Pertenceu em tempos ao pai de uma amiga do nosso Jad.
      Parece que o mercado da Boa Hora também é muito bom.
      A minha amiga diz que há por ali várias tasquinhas onde se come bem e barato.
      Bom sábado!

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    2. Para MR:
      as sardinhas que comemos na tal tasquinha deviam ter vindo do mercado um pouco mais abaixo. Eram óptimas e muito frescas !

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  5. Fico com uma certa inveja de não poder fazer esses percursos e descobrir Lisboa:(

    Uma boa tarde :)

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    1. Para Isabel:
      Quando se reformar, vai ver que haverá tempo para tudo !!!

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  6. às vezes sigo por uma carreira mais longa para fazer o mesmo por Coimbra, faz-me sentir visitante na minha cidade.

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    1. Para Tétisq:
      Em Lisboa, prefiro andar mais meia hora e seguir de autocarro até ao Rato, passando pelo Marquês para chegar a Entrecampos, do que seguir naquela "auto-estrada de formigas" dos corredores do Metro, sempre escuro e, frequentemente, bastante sujo.

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