Com o bilhete dos transportes
públicos carregado, dá-me, por vezes, vontade de apanhar um autocarro e
cirandar pela cidade. Não gosto muito do Metro, porque não se vê nada da
cidade.
Ontem foi o dia em que escolhi a
carreira de propósito, o 759, se não me engano. Ia do Terreiro do Paço até à
estação Oriente, passando por toda a zona oriental que mal conheço.
A primeira parte do percurso
tornou-se um pouco cansativa, com uma serigaita – julgando-se senhora – a
animar com voz alta todo o autocarro. Confesso que dispenso este tipo de banhos
de realidade, com criaturas em idade escolar sem qualquer verniz civilizado. Há
muito que não experimentava essa desagradável sensação da inutilidade do
esforço de educação, e fiquei incomodada.
Passando Xabregas e Chelas, o
ambiente no autocarro sossegou. A partir daí deu para olhar pelo Bairro da
Encarnação, a pensar numa velha amiga, e tentar descobrir qual a parte antiga
dos Olivais. Eis-me chegado à estação Oriente. Uma nova cidade dentro da
cidade, sem dúvida.
Não fosse a primeira passagem
pelos “bairros do chinelo”, daria o tempo por bem empregue. Assim, ficou-me a
velha azia de um ambiente escolar desgastante sem grandes contributos educacionais.
Hoje, pela força da publicidade
de J. Avillez, lá fui espreitar o novo espaço, sobretudo para saber o que a
mercearia vendia. Ficou-me a impressão de o fotógrafo ter conseguido aumentar
imenso o espaço nas imagens publicadas em jornais. A mercearia não merece o
nome e, sobretudo, não se aconselha pelos preços exorbitantes. Um pacote de chá
custa lá mais 2.00 euros do que 100 m abaixo, numa loja de cafés.
Mas, lá estava muita gente a
experimentar “a novidade”.
Ora eu tinha escolhido o velho
“1º de Maio”, quase vazio, para almoçar, e ainda bem. Pela comida e pelo
sossego.
Post de HMJ
O percurso do 759 deve ser o mais longo dentro de Lisboa.
ResponderEliminarDá para ficar com uma ideia da zona oriental, que são apenas
prédios. Mas o mais interessante (ou não),são as pessoas que
entram e saem durante o percurso. Na minha opinião têm alguns
comportamentos um pouco diferente de outras carreiras.
Gosto de observar e de vez em quando viajo com esse propósito.
E também um pouco para me distrair.
Já visitei a R. das Chagas e é um sítio sossegado, apetecendo
até entrar na Igreja que me parece estar quase sempre fechada.
Agradeço a sugestão. Foi uma boa ideia para fugir à balburdia
do Chiado e Baixa.
Boa noite.
Para Maria Franco,
ResponderEliminartambém gosto de observar as pessoas que vivem nos diversos sítios por onde passo de autocarro. Infelizmente, ainda me incomoda muito a falta de educação e a quase ausência, em pessoas de todas as classes, da noção de distinguir entre espaço público e privado. O próximo passeio será para conhecer a zona de Penha de França e descobrir lá um Miradouro que avistei, noutro dia, do meu passeio pela Almirante Reis e zona da Praça do Chile.
Eu ando pouco de autocarro e elétrico. No outro dia fui ao Campo Santana no (parece-me que) 769, ao fim da tarde: nada de inusitado. O mesmo não costuma acontecer quando vou a Belém, seja de autocarro ou elétrico. As pessoas que entrem e saem, fora os turistas e um ou estranho como eu, conhecem-se todas (desse trajeto) e põem a conversa em dia de uns bancos para os outros, sobre si próprias e sobre os outros.
ResponderEliminarComo diz uma amiga minha que usa muito essas carreiras, ali é que se conhecem os lisboetas.
No Metro lá aparece um ou outro cromo, mas é diferente.
Há muito que não vou ao 1.º de Maio.
Boas viagens!
Para MR:
ResponderEliminarPois, há uma carreira, que uso com alguma frequência para ir à Biblioteca da Ajuda, o 760, se não me engano, que permite conhecer bem os que la vivem por perto, na chamada Boa Hora. Noutro dia comemos lá, e bem, numa tasca de bairro. Em frente há um supermercado com óptimos petiscos e comida feita para levar para casa. E, por enquanto, ainda é zona livre de turistas "das cavernas".
Tenho uma minha amiga vive por aí. E sei a que mini-super se refere, onde ela se abastece por vezes. Pertenceu em tempos ao pai de uma amiga do nosso Jad.
EliminarParece que o mercado da Boa Hora também é muito bom.
A minha amiga diz que há por ali várias tasquinhas onde se come bem e barato.
Bom sábado!
Para MR:
Eliminaras sardinhas que comemos na tal tasquinha deviam ter vindo do mercado um pouco mais abaixo. Eram óptimas e muito frescas !
Fico com uma certa inveja de não poder fazer esses percursos e descobrir Lisboa:(
ResponderEliminarUma boa tarde :)
Para Isabel:
EliminarQuando se reformar, vai ver que haverá tempo para tudo !!!
às vezes sigo por uma carreira mais longa para fazer o mesmo por Coimbra, faz-me sentir visitante na minha cidade.
ResponderEliminarPara Tétisq:
EliminarEm Lisboa, prefiro andar mais meia hora e seguir de autocarro até ao Rato, passando pelo Marquês para chegar a Entrecampos, do que seguir naquela "auto-estrada de formigas" dos corredores do Metro, sempre escuro e, frequentemente, bastante sujo.