sábado, 13 de agosto de 2016

Animosidades poéticas


Para além de grande poeta e Nobel da Literatura (1956), Juan Ramón Jiménez (1881-1958) era um homem austero e rigoroso. Que, na sua plenitude humana, não escapava a ter algumas antipatias viscerais. Esses ódios de estimação compreendiam Gongora, falecido há muito, mas também Pablo Neruda, ainda vivo quando o poeta do Moguer compôs este dístico acerbo, matando assim dois coelhos de uma só cajadada:

La antigua juventud gongorica
que tornado se ha nerudataria.

2 comentários:

  1. Os dois versos têm graça, mas... Os primeiros poemas de Neruda eram gongóricos?
    Na escola, apresentavam-nos Gongora depreciativamente. Só o comecei a ler com cabeça depois de ter o ter ouvido cantado por Paco Ibáñez.
    Um bom dia.

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    1. Gongóricos eu não diria...
      Numa classificação simplista, eu diviria a Poesia (no geral) entre clássica e barroca. Neste maniqueísmo pouco rigoroso, Neruda seria um barroco, enquanto Jiménez é um clássico. Daí, talvez, o embate...
      Voltando ao Barroco, seria possível "arrumá-lo" em poetas do conceptismo (Quevedo) e do cultismo (Gongora). E, aqui, também eu estou com Jiménez: considero Quevedo maior poeta.
      Resto bom de tarde, apesar da canícula prodigiosa!..:-)

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