Por feitio e, também, convicção
profunda, sempre advoguei, enquanto prestadora de serviço público de educação,
que a discrição e boa educação evitam muitos problemas desnecessários com os
nossos concidadãos.
Assim, recordo-me bem da canseira
diária de batalhar nas formas de tratamento em Português, combatendo a
tendência nefasta de chamar “Você” a pessoas que não conhecemos de lado nenhum,
e sublinhando a obrigação do cumprimento desta regra básica para qualquer
serviço público.
Ora, já posta em sossego, fui
objecto de uma tratamento indevido, por parte de uma criatura de uma
instituição bancária que, embora abrindo a conversa, “puxando” para o título
académico do cliente, resolveu infringir, de seguida, a norma superior de
tratamento em Português, num discurso pobre em que tentava explicar a “Você” o
que se resumia numa mais que evidente falha do respectivo Banco.
E como não há dias sem assunto,
nomeadamente numa cidade como Lisboa que, pelo espaço reduzido já se encontra
“exausto” de tanto forasteiro, meterem-me em mais um episódio insólito sem
pedirem o meu consentimento.
Num espaço anódino de “Let’s
copy”, para os lados das Amoreiras, estava à espera de vez e a assistir, na
televisão, ao infortúnio das reportagens, sem fim, dos incêndios. Dirigiu-se
uma senhora, sem eu ter feito nada para que ele entrasse no meu espaço de
sossego e discrição, estrangeira pelo sotaque – porventura francesa – a berrar
contra os incendiários, e também os terroristas – muçulmanos em França –
afirmando que não se podia ser simpática com semelhante gente, a saber,
incendiários de motivações diferentes. Disto passou a invocar que o país –
certamente este donde estava a falar – não aguentava esta gente, porque tinha
pedido muito dinheiro emprestado à Europa e que não estava em condições de
pagar.
Quando, sobre a parte final,
tentei dar a minha opinião de que a “narrativa” da dívida portuguesa estava a
ser mal contada, tanto aos nacionais como aos estrangeiros por certas forças
internas e externas, a senhora surpreendeu-me com uma pergunta que nem os meus
mais próximos algumas vezes me colocaram. “A Senhora votou nas últimas eleições
?”.
Ora, antes que saísse da minha
discrição, por ora paciente, para esclarecer devidamente o assunto, dirigi-me ao
balcão ao lado, porque chegara a vez do meu atendimento.
Com mais este episódio, confesso
que já me cansa tanto forasteiro balofo, incivilizado e convencido que, ao fim
do dia, só encontrei, nesta zona de invasão abusiva de turistas, um espaço de
sossego. Descobri o largo da igreja das Chagas, na imagem acima, por enquanto fora dos "carreiros" dos enxames turísticos.
E é um belo largo, perto da casa onde nasceu Vieira da Silva.
ResponderEliminarBom dia!
Para MR:
ResponderEliminarLargo pequeno e muito tranquilo. Oxalá que não o estraguem.
Os forasteiros são um exagero a invadir o
ResponderEliminarespaço dos autóctones. O tratamento por você
também me parece indelicado. Mas fiquei curiosa
com a referência ao largo da igreja das Chagas.
Irei ver, logo que passe mais, este excesso de
calor. Alguma coisa ficou da sua aventura!
Boa noite.
Para Maria Franco, de facto o fim da Rua das Chagas e o pequeno largo parecem uma ilha. Vale bem a pena o passeio e com tempo mais ameno.
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